Mesmo sem apresentar um futebol convincente, a seleção argentina soube aproveitar a vantagem de estar jogando em casa e conquistou o seu primeiro título mundial em um jogo dramático contra a Holanda, até então favorita.
Os holandeses e seu "Carrossel" sobraram nas eliminatórias européias - venceram 5 das 6 partidas disputadas. Enquanto que a Argentina se preparou em amistosos, já que não precisaria lutar por uma vaga por ser a anfitriã da Copa.
A primeira fase para a Argentina foi sofrida. Logo de cara, vitória por 2 a 1 sobre a Hungria, de virada. No segundo jogo, outra vitória por 2 a 1, desta vez sobre a França. Na terceira partida, derrota para a Itália, por 1 a 0. Assim, os argentinos se classificaram em segundo lugar no grupo.
Já a Holanda que foi para o mundial sem o astro Johan Cruyff, que se recusou a ir em protesto a ditadura existente na Argentina, também sofreu. Estreou goleando o Irã por 3 a 0. Depois empatou em 0 a 0 com o Peru e foi derrotada na terceira partida por 3 a 2 pela Escócia, classificando-se na segunda posição em seu grupo.
Nas quartas-de-final, os holandeses cresceram e garantiram a vaga com uma goleada por 5 a 1 sobre a Áustria, um empate por 2 a 2 com a Alemanha e uma vitória por 2 a 1 sobre a Itália.
Já a Argentina, que caiu no mesmo grupo do Brasil, se classificou graças às "forças ocultas". Depois de vencer a Polônia pelo placar de 2 a 0 e empatado com a Seleção canarinho por 0 a 0, teria que vencer o Peru por quatro gols de diferença. Surpreendentemente, conseguiram vencer pelo placar de 6 a 0. Até hoje existe a suspeita de que a seleção do Peru tenha recebido US$ 10 mil para entregar o jogo - ainda mais que o goleiro peruano Quiroga, na verdade era de nacionalidade argentina. Classificada para a final, a Argentina encarou o "Carrosel Holandês" de Jongbloed, Neeskens, Krol e Resenbrink.
O primeiro tempo começou bastante equilibrado. A Argentina, apoiada pelos 70 mil torcedores presentes no Monumental de Nuñez, partia para cima da Holanda, mas sofria com os contra-ataques.
A primeira grande chance de gol foi holandesa, com Rep, obrigando o goleiro Fillol a fazer grande defesa. Mas o golpe fatal foi da Argentina. Aos 37 min, Mario Kempes - que terminaria a competição como artilheiro - recebeu passe na grande área e tocou na saída do goleiro, levando o estádio à loucura.
No segundo periodo de jogo, a Holanda iniciou uma forte pressão para cima da Argentina, que se defendia como podia. Porém, aos 37 min, Nanninga silenciou o Monumental. Ele aproveitou um cruzamento pela direita e cabeceou a bola para o fundo das redes, empatando a partida. E a história podia ser diferente - no ultimo minuto de jogo, Resenbrink carimbou a trave de Fillol.
O empate levou a decisão para a prorrogação. A Argentina voltou mais decisiva e passou a mandar no jogo. Aos 15min, os argentinos comprovaram sua superioridade. Kempes recebeu a bola na área, passou por dois zagueiros e tocou a bola para o gol.
Em desvantagem, a Holanda partiu desesperada para o ataque, deixando espaços para os contragolpes do rival. E num desses contra-ataques, Bertoni fez o terceiro gol argentino, sacramentando a vitória e dando aos hermanos o primeiro título de uma Copa do Mundo.
Restava a Holanda que chegava a sua segunda final consecutiva, entrar para a história, como o "Carrossel ou Laranja Mecânica" devido ao seu belo futebol. |