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30/08/2012 - Causos do Futebol: Saldanha x Yustrich

Na foto: Yustrich no ano de 1973, em SP



Dorival Knipel, conhecido pelo apelido de Yustrich, devido a seu avantajado porte europeu, teve uma longa história no futebol brasileiro. Era um goleiro imenso, de boas qualidades, jogou no Atlético Mineiro e em vários outros clubes, até passar a ser técnico.

Era um técnico controvertido, alguns afirmavam ser do tipo mandão, comandante duro, que distribuía tapas de mão aberta – e as mãos dele eram enormes. Mas outros o chamavam de técnico paternal, carinhoso, um coração imenso que procurava ajudar a todos.

Uma das histórias folclóricas a respeito de Yustrich conta que ele criava porcos em seu sítio, perto de Belo Horizonte. E que cada porco tinha um nome, geralmente o nome de uma pessoa que o técnico detestava. Contam as más línguas que uma das fêmeas tinha o nome de uma mulher que tinha tido um caso com o treinador.

Para dizer a verdade, Yustrich impunha respeito e temor devido a seu tamanho.

Em quase toda a sua carreira de treinador, foi acompanhado por um assistente chamado Zezinho. Era uma espécie de faz tudo, principalmente das coisas que Yustrich não queria fazer.

Um dia, ele foi contratado pelo Flamengo, quase na mesma época em que João Saldanha assumiu a seleção brasileira.

Os dias foram correndo, e a seleção, que estava um caos antes de Saldanha, passou a ser quase imbatível. Classificou-se para a Copa de 70, no México, vencendo suas seis partidas contra Colômbia, Venezuela e Paraguai. Eram as 11 feras do Saldanha contra o mundo.

Mas quando João reassumiu a seleção na preparação para a Copa, as coisas já não foram tão bem.

Uma derrota para a Argentina, em Porto Alegre, 2 a 0, e uma série de resultados negativos contra equipes sem muita história, provocaram algumas críticas, entre elas uma de Yustrich, que afirmava João Saldanha não ter condição para dirigir uma seleção brasileira. E acrescentava:

- Quase perdemos o último jogo contra o Paraguai, no Maracanã!

A verdade é que o goleiro Aguilera fechou o gol, e o Brasil só venceu com um gol salvador marcado por Pelé.

João Saldanha foi se irritando com os comentários, principalmente com o de Yustrich.

Os boatos diziam que Saldanha, que não tinha medo de nada nem de ninguém, queria tomar satisfações com Yustrich.

Uma tarde, João Saldanha, armado de um revólver, invadiu a concentração do Flamengo, uma casa em São Conrado, gritando:

- Cadé você, canalha – com o revólver na mão.

A sorte é que, apesar dos cuidados de Saldanha, alguém o viu sair de casa e tomar a direção da Barra da Tijuca, que naquela época era quase deserta. A testemunha teria ligado para a concentração e avisado Yustrich.

O "Homão" precavido fugiu pelos fundos da casa, evitando o encontro com João.

Michel Laurence


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