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17/08/2012 - Saiba um pouco mais das histórias do Rei Pelé

Eu nunca vi nada igual ou mesmo parecido com Pelé.

Ele carrega uma áurea que as vezes o torna incompreensível para certas pessoas e inimaginável para outras.

Veja como os fatos que vou contar foram acontecendo e o transformando em mito.

Pelé era menino, de 6 ou 7 anos, sendo chamado de Edinho ou Dico, quando num jogo entre o Bauru Atlético Clube e o Noroeste, Dondinho, o pai de Pelé, perdeu um gol. Um torcedor raivoso xingou Dondinho, Pelé atirou um tijolo no pobre torcedor o que causou uma tremenda confusão.

Depois do jogo Dondinho explicou a Pelé que torcida era assim mesmo, numa hora vaiava e alguns segundos depois aplaudia. Pelé nunca mais esqueceu.

Pelé no segundo ano primário, perdeu a vontade de ser aviador no dia em que espiando pela janela do necrotério, viu a autópsia de um piloto que caiu com um planador (avião sem motor que plaina ao sabor do vento).

O futebol agradece.

Ainda no segundo ano primário, Pelé e uns amigos foram tomar banho de rio. Pelé, que nunca soube nadar direito, tentou atravessar o rio com a ajuda do amigo Zinho. Foi um drama, Zinho não aguentou o peso, e Pelé acabou soltando as mãos. Ele só não morreu afogado porque foi salvo por um homem que estava por perto.

Pelé nunca soube o nome do homem.

Outro acidente aconteceu numa caverna em que Pelé e sua turma costumava brincar. Certa vez depois de um tremendo temporal a caverna desmoronou, prendendo um dos amigos de Pelé que acabou morrendo asfixiado.

Já no Santos, com apenas 16 anos, Wilson começa a chamar Pelé de "Gasolina" porque ele tinha muito gás. Na época as pessoas costumavam elogiar outras dizendo que elas tinham "muito gás". Wilson achou que Pelé era ainda maior do que isso e resolveu que ele seria a própria "gasolina".

Pelé chegou a ficar conhecido como Gasolina. O próprio Zito contou que costumava pedir para Pelé ir comprar cigarros no botequim: "Gasolina, compra dois maços pra mim"!

Pelé nos treinos chamava a atenção. Uma tarde ele deu dois ou três dribles no grande Hélvio, parou, olhou para trás e riu.

Teve que correr para não apanhar. (Desculpe, mas isso lembra alguém mais atual?) Quando o treino terminou Pelé continuou no campo até perceber que Hélvio, um central rápido e forte como um touro, estava indo embora.

Depois explicou:

- Se pedisse desculpas, o Hélvio ia lembrar e ia tentar de novo me encher de porrada!

Depois de perder um pênalti na decisão do Campeonato Paulista Juvenil de 1956, os dirigentes do Santos pensaram seriamente em vender ou emprestar o passe de Pelé. Tanto assim que o colocaram num misto formado por jogadores do Santos e do Vasco que disputou um hexagonal no Maracanã, contra times estrangeiros (foi nesse torneio que vi Pelé jogar primeira vez).

A primeira surpresa foi quando ele se apresentou no Vasco e viu que o técnico era Augusto, um lateral-direito titular da seleção de 50 e que antes tinha dado um chute e machucado seriamente Dondinho no joelho. Pelé tinha jurado para ele mesmo que um dia ainda vingaria o pai. Mas achou melhor ficar quieto.

A segunda foi no jogo contra o Belenenses, de Portugal. Pelé fez 3 gols e em um deles ficou cercado por 4 adversários. Sem saída, Pelé partiu velozmente em direção ao próprio gol. Os zagueiros portugueses, perplexos, pararam. Pelé então trava a bola, retorna e parte driblando os portugueses, até fazer o gol.

Pereira, o goleiro do Belenenses veio em sua direção e para surpresa geral o cumprimentou.

- Foi o mais belo gol que já me fizeram! – garantiu o goleiro.

Não sei afirmar se essa história é verdadeira. Na minha memória o jogo em que Pelé fez 3 dos 4 gols que deram a vitória por 4 a 3 ao misto Vasco/Santos, foi contra o AIK (que se pronuncia AICO), da Noruega.

Já na seleção brasileira, em 1958, durante a Copa da Suécia, Didi, Gilmar e Nílton Santos resolveram pedir ao técnico Vicente Feola para escalar Pelé e Mané Garrincha.

Para tirar o ponta-direita Joel, Nílton sugeriu que o médico doutor Gosling "arrumasse" uma contusão para o ponta do Flamengo, que sofria de dores na batata da perna. Fizeram um treino para "avaliar" suas condições. Dizem que o treino foi "puxado demais".

Quem se encarregou de Pelé foi o próprio Didi. Pelé vinha com uma contusão no joelho, desde o amistoso contra o Corinthians ainda no Pacaembu. Ari Clemente, lateral-esquerdo do Corinthians, tinha dado uma entrada forte em Pelé.

Didi disse que ia convencer o "menino" que a dor era psicológica e afirmou para o Pelé:

- Você vai treinar e não vai sentir dor. Se sentir finja que não sentiu. Ainda faltam dois dias para o jogo contra a União Soviética

e dá tempo de você se recuperar.

Dino Sani machucado realmente teve que ceder o posto para Zito.

O treino foi jogo e o futebol de Mané e Pelé acabou com as dúvidas de Feola, arrsou com os soviéticos e com quem atravessou o caminho deles dali pra frente.

Só quero lembrar que Garrincha saiu do Brasil como titular absoluto (tem gente que esquece esse fato) e perdeu o lugar na Itália, num jogo treino contra a Fiorentina, quando depois de driblar o lateral várias vezes, driblou o goleiro e ia entrar com bola e tudo, quando parou quase em cima da linha, voltou e driblou novamente um zagueiro e o goleiro antes de fazer o gol.

Feola achou isso de uma irresponsabilidade beirando a loucura. Barrou Mané e colocou Joel como titular.

(Desculpe, mas isso não lembra alguém dos dias de hoje?)



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