Na foto, o jornalista Patricio Augusto com o ex-meia Zenom
Salve o Corinthians, o campeão dos campeões. Eternamente, dentro dos nossos corações. É assim que começa o Hino do Corinthians. Mas, o Corinthians é tão enorme, tão infinito, que uma só definição é pouco. Por isto, várias são as manifestações.
Sócrates, líder da Democracia Corinthiana nos anos 80, se expressou: "O Corinthians não é um Time. É um Estado de Espírito". Toquinho, numa belíssima composição musical, considerada o segundo Hino do Clube, diz: "Ser corinthiano é ir além, de ser ou não ser o primeiro. Ser corinthiano, é ser também, muito mais brasileiro".
Exatamente em 1977, um ano após a famosa Invasão do Maracanã, considerada o maior deslocamento de uma torcida para o campo do adversário, quando a nação alvi – negra dividiu o Maracanã com a torcida da casa, o Fluminense, pelas semi finais do Campeonato Brasileiro, o narrador Osmar Santos, pela Rádio Globo, botou poesia em suas narrações nos gols do Corinthians frente a Ponte Preta, pelas finais do Paulistão.
O título paulista de 1977, que pôs fim a um longo tabu de quase 23 anos, foi um divisor de águas para o Corinthians. Foram três jogos. No primeiro, em 5 de outubro, vitória do Timão por 1 x 0 gol de Palhinha. No segundo, em 9 de outubro, vitória da Ponte Preta por 2 x 1. Vaguinho fez o gol corinthiano. Finalmente, em 13 de outubro, vitória de 1 x 0 para o Coringão, gol de Basílio.
Na narração de cada gol corinthiano, em cada jogo, Osmar Santos foi tão feliz, com uma poética que não se vê hoje nos narradores de futebol. Assim, transcrevi as três narrações. Agora, no advento da Libertadores conquistada pelo Corinthians, de forma invicta e incontestável, extrai trechos de cada gol narrado e juntei. E, assim, Osmar Santos define o Corinthians:
Alegria do povo, Coringão
Alegria do povo, Coringão
Alegria do povo, Coringão
Você é alma
Você é um misto de religião e de empolgação
Corinthians, você é o sustentáculo
Da alegria deste povão
Corinthians, eu quero ouvir o grito do povo
Um grito doloroso
Que faz extremesser o coração calado tanto tempo
Vai Corinthians!
É o grito da sua grande torcida
Na frente Coringão
Olha só o espetáculo que você proporciona Corinthians
Você é o elo de ligação
Você enche de lágrima os olhos dessa gente
Enche de felicidade o coração desse povo, Corinthians
Festa do povo!
O povo está feliz
Nas raízes da simplicidade, da humildade
Olha o que você proporciona Corinthians
Olha o espetáculo que você proporciona Corinthians
Olha o maior espetáculo
Oh, doce mistério da vida este Corinthians
Mistério de amor
Que se grita até os limites do escândalo
Do medo criando o trágico
No rosto, pintando-se o pálido na certa incerteza
Sob os sonos dos anos, acontecendo neste espetáculo
O grito guardado no torcedor,
Torcida corinthiana de pé para aplaudir
Você é um elo de amizade, de entrelaçamento, de união
É acima de tudo
De uma religião que se chama Corinthians
Você, time de futebol
Religião pra toda essa massa
Uma empolgação indescritível
Indescritível e memorável
Você enche de lágrimas os olhos desse povo
Você enche de felicidade o coração dessa gente
Corinthians, o grito sufocado de um povo
O grito do fundo do coração de um torcedor
O Corinthians vira a explosão
E vira o maior espetáculo do território brasileiro
Corinthians, você é acima de tudo, a alma desse povo
Você liga a imagem do sorriso e de felicidade
Das raízes do povo, Corinthians
A Cidade é do povo
Tem que ter festa alvi-negra
Tem que cobrir as ruas da Cidade
Com paixão e loucura
Com felicidade que desabrocha
E, contagia o povo pelas avenidas
Hoje é o verdadeiro dia do povo
Dia de cantar alegria e ser feliz
Dia que vai ciscando com a crista alta, muito alta
Hoje mais do que nunca a Cidade é do povo
Festa do Povo
Doce mistério da vida esse Corinthians
Inexplicável Corinthians!!!
PATRÍCIO AUGUSTO, 52 anos, corinthiano, é jornalista. Define como os melhores momentos da história do Corinthians, a sua fundação, as três vezes em que foi tri campeão paulista, o título do 4º Centenário, em 1954; a Invasão do Maracanã, em 1976; a quebra do tabu frente a Ponte Preta, em 1977; o advento da Democracia Corinthiana, nos anos 80; o primeiro título Brasileiro, em 1990; a conquista do primeiro e verdadeiro Mundial da FIFA, em 2000; a construção do Centro de Treinamento, o estádio Arena Corinthians e agora a Libertadores da América.
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