Hoje não foi uma Páscoa muito feliz para a nossa centenária Associação Atlética Internacional de Bebedouro. Voltamos para a quarta divisão do Campeonato Paulista de Futebol, o marco inicial para todos os clubes amadores, a estaca zero, o inferno dos infernos, a desgraça de todos os desgraçados. E não há orgulho nisso, e não há, neste momento, esperança de dias melhores.

Estou triste. Não vou negar. Mas posso lhes garantir que o rebaixamento da Inter só veio coroar esta campanha que já começou derrotada desde o fim da Copa Paulista. Uma espécie de presságio, um pesadelo, que começou a ganhar forma desde o empréstimo do meu querido William Simões para o Mirassol…Bem, assim é a minha desculpa, cada um tem a sua…

A derrota diante da nossa chará de Limeira, por 4 a 0, foi a derrocada final, o "chute no cachorro morto", o reflexo de problemas diversos, sobretudo, de má administração. Enfim, perdemos, não apenas o campeonato, mas a rara oportunidade de atrair a população para curtir o nosso Lobo de pertinho, a chance de ganhar alguns trocados com a venda de camisetas (ainda que muitos considerassem um esforço de "migalhas") e a alegria de torcermos juntos, já que nos instantes finais, todos nós, torcedores, viramos inimigos. Encarados como visitantes indesejáveis, que mais "subtraíam" que "somavam". Se o recado de "persona non grata" era dirigido aos corneteiros, a mensagem desviou o caminho e acertou os sentimentos dos torcedores mais dedicados…de amigos de torcida, nos tornamos inimigos, atacando uns aos outros, o tempo todo, criando mágoas profundas e alguns desenlaces, na ânsia de resolver um problema fadado a ser problema sem solução.

Ah, meus amigos. Como doeu ver os jogadores comemorando os pouquíssimos gols longe do alambrado. Como a palavra "abandono" passou de protesto, para descaso e afronta no decorrer da competição. Como uma senhora de 106 anos se tornou caquética diante dos nossos olhos, desconectada do mundo contemporâneo e descolada da realidade.

Isso tudo, amigos, foi uma espécie de faca, afundando aos poucos no coração da gente, e que só cismou em ferir, ferir e ferir…

E o que tem daqui pra frente?

Tempo é uma coisa que se tem de sobra daqui pra frente. O suficiente para que a Inter e as pessoas responsáveis pela gestão dê contornos a um plano de gestão de qualidade, digno do nosso clube. Por que se tem uma coisa que não aceitarei mais como desculpa, é a falta de tempo de colocar a coisas no lugar. E não venham dizer que jogar na Segunda Divisão não irá atrair empresários, porque essa desculpa não convence nem os estagiários das empresas mais medíocres de marketing. E não venham dizer que os cidadãos bebedourenses não apóiam o time, porque essa é uma visão elitista, que não condiz com a realidade social dos país e tão pouco com as estatísticas das médias de público. E não venham dizer que a prefeitura não faz nada, quando sabemos que o serviço público não deve estar a serviço de cartolagens do mundo da bola ou ao cronograma da Federação Paulista de Futebol. E não venham dizer que a mídia não se interessa em cobrir o campeonato, quando sabemos que a comunicação é cada vez mais alternativa, segmentada e independente dos veículos tradicionais…E não venham dizer que a Inter não tem dinheiro para contratar outros profissionais, porque gerir implica fazer escolhas e muitas vezes é melhor ter alguém para recolher o lixo, ou vender planos de sócio-torcedor, do que ter na manga 3 ou 4 jogadores no Departamento Médico. Talvez se a Inter tivesse pagado um psicólogo…

…como disse a vocês em outro momento, a gente sempre tem argumentos suficientes para defender as nossas idéias. Escolham os seus.

Sobre os culpados?

Isso é mais relativo do que a própria teoria da relatividade. O que posso dizer de um técnico que visivelmente teve poucas chances de comandar a equipe? O que posso dizer de um gestor que não sabe se vai ou se fica, e que muda de humor ao sabor dos ventos e dos comments do Facebook? O que posso dizer de jogadores que se incomodam com os corneteiros de uma torcida da Série A3, quando existem vândalos matando na Série A1?

De nada vai adiantar apontar o dedo em riste para os culpados em potencial. O que está feito, feito está: Inter rebaixada, comissão técnica demitida, gestor reabilitado, empresários desmotivados, jogadores desempregados, jogadores encaminhados, imprensa especulando, torcedores arrasados, e muitas promessas de mudança que se perderão no tempo.

É a vida que segue…