Essa história aconteceu num time do Paraná, aonde tinha um roupeiro que era muito especial. Este rapaz não tinha os pés. Isso mesmo. Ele possuia as pernas até próximo do tornozelo e andava, corria. E para amenizar as dores, o roupeiro colocou duas rodelas de borracha, no formado de joelhos que serviam como amortecedores.
Mesmo com este problema, o rapaz era ativo e bom profissional. Jogava bola, trabalhava e era bem dinâmico. Para evitar o desgaste, ele trocava as borrachas a cada dois meses e olha que o produto era de pneu de caminhão. O apelidamos de Pé de Bocha.
Foi passando o tempo e o rapaz foi ganhando a confiança de todos dentro do clube. O pior era que a agremiação começou a atrasar os pagamentos e os problemas começaram a estourar. Tinha jogador que reclamava da falta de dinheiro, a comissão técnica com dificuldades para fazer o grupo trabalhar, enfim era complicado trabalhar com mês de 70 dias.
Foi então que começou a desaparecer material de treino e jogos. Tentavam descobrir quem foi e daí vem os palpites. - Deve ser algém que conhece o vestiário -, disse um diretor de futebol.
Mais um dia se passou e mais material esportivo sumiu. Inclusive foi o jogo de camisa mais novo da equipe, que nem o escudo do clube e nem a numeração haviam sido bordados. Naquele dia do sumiço, havia dado uma forte chuva. E para entrar no vestiário, o ladrão teria que passar pela porta da frente ou por uma janelinha, que ficava a três metros da altura do chão. Foram checar a janelinha e encontraram a marca de seis rodelas, tipo o formato das rodelas de Pé de Bocha. Ninguém tinha dúvidas que o culpado do sumiço do material era o roupeiro. Chamamos Pé de Bocha para explicar o ocorrido, pois queriamos saber o que ele tinha a dizer sobre o assunto.
- O que você me diz sobre estas pegadas? - perguntou alguns jogadores, apontando para debaixo da janelinha.
- Isso é sacanagem, estão roubando de joelhos só para me culparem. Não aceito, sou inocente! - respondeu o roupeiro.
E foi só risada de todos, mesmo tendo a certeza que Pé de Bocha era mesmo o culpado.
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