FTT: Ataliba, você começou inicialmente nos Dentes de Leite do Corinthians?
ATALIBA: Exatamente, comecei com Wladimir e Solito. Foi em 1969. O treinador era o Sr. Luiz Morais, conhecido como Cabeção. Grande técnico. Era uma época boa.
FTT: Chegou a conhecer também o Sr. José Castelli, o Rato?
ATALIBA: Depois eu passei com o Rato. Nesta época estava na Vila Maria, em seguida fui pra Penha e não deu mais pra continuar no Corinthians e fui para o Juventus através de um grande amigo meu, o Paulinho.
FTT: Quem era o seu grande ídolo no futebol?
ATALIBA: Meu grande ídolo era o Rei (Pelé), mas este é a parte. Mas o meu grande ídolo mesmo na época dos Dentes de Leite era o Rivellino.
FTT: Como foi esta sua passagem pelo Juventus da Mooca?
ATALIBA: Foi ótima, uma experiência muito grande. Joguei oito anos lá, de 74 a 82.
FTT: Você foi artilheiro do Campeonato Paulista ou dividiu a artilharia com outro jogador?
ATALIBA: Ficou meio que no ar. Eu fiz 28 gols e ele fez também 28, mas um gol dele deram a mais. Era o Juary, do Santos. Um belo time que tinha naquela época.
FTT: Ataliba, você era um ponta-direita que marcava muitos gols. E uma das suas vítimas principais na época do Juventus era justamente o Corinthians.
ATALIBA: É a fase. Não foi só no Corinthians. Não sei se foi Deus, mas todo jogo enfiava um gol neles. Até hoje eles falam. Mas eu também fazia gols nos outros times.
FTT: Na época, quando você jogava contra o Corinthians, era marcado pelo Wladimir.
ATALIBA: Nossa, esse era um monstro, meu amigão até hoje. Jogamos juntos nos Masters. Amigo de velhas datas.
FTT: Quais foram os outros grandes laterais-esquerdos que você enfrentou ao longo da carreira?
ATALIBA: Vários e muito bons, mas também maldosos. Teve o Gilberto Sorriso, mas este era limpo, amigão meu, conversamos até hoje. Tiveram muitos. Na época tinham laterais e pontas. No começo eu não era ponta, mas meia-direita na época de juvenil. Como diziam que não tinha ponta, me colocavam lá e acabei ficando.
FTT: Em 1982 você voltou ao Corinthians, ou seja, o bom filho a casa torna. Como foi esta contratação, o que significou este momento e o período que esteve no Parque São Jorge?
ATALIBA: Sempre fui corintiano. Minha família também. Foi algo muito bom na época da Democracia Corinthiana. Um momento histórico. Time que tinha muita participação. Eu nem tanto, mais o Sócrates, o Casagrande e o Wladimir. Período das Diretas Já. Tínhamos esta oportunidade de ter esta idéia. Foi ótimo. Falavam que era uma zona, mas não era bem assim. As idéias eram boas.
FTT: E vocês foram Bicampeões Paulistas.
ATALIBA: Eu fui Tri, pois além do Bi de 82 e 83 no Corinthians, venci também o de 84 pelo Santos.
FTT: Inclusive na partida final de 82, contra o São Paulo, na vitória de 3 a 1, o terceiro gol do Corinthians foi, talvez, uma das maiores jogadas da sua carreira, se não foi a maior. Você consegue lembrar como foi?
ATALIBA: Lembro bem. Mas também se eles me pegam! Eu não era muito habilidoso. Vinha pela meia-esquerda, quando vieram o Éverton e o Marinho Chagas. Falam que foram o Oscar e o Dario Pereyra. Eu até gosto, pois foram dois monstros. Eu passei no meio do Chagas e do Éverton e toquei para o Casagrande marcar. Aí só foi festa.
FTT: Outras grandes atuações suas foram no 10 a 1 contra o Tiradentes pelo Brasileirão de 83 e uma partida contra o Flamengo no Campeonato Brasileiro de 84.
ATALIBA: Contra o Tiradentes eles fizeram 1 a 0, com um gol de Sabará. E ficaram apenas nisso (risos...). Contra o Flamengo, no Rio, perdemos por 2 a 0 e aqui em São Paulo tínhamos que ganhar com dois gols de diferença. E ganhamos por 4 a 1.
FTT: Em 84 você saiu do Corinthians. Qual foi o motivo da sua saída?
ATALIBA: O treinador era o Jair Picerni que ,quando chegou, teve outras idéias. O Serginho Chulapa, meu compadre, veio lá em casa, me convidando pra ir para o Santos. Eu dizia pra ele que estava no Corinthians, não muito bem, mas não queria ir. Acabei indo para o Santos.
FTT: Você, inclusive, foi Tricampeão pelo Santos em 84, mas era mais reserva.
ATALIBA: Exatamente, pois o time já vinha muito bem e pra eu entrar era osso duro. O time era muito bom.
FTT: Depois do Santos você foi para o Santa Cruz e outras equipes.
ATALIBA: Fui em 86 para o Santa Cruz, sendo Campeão Pernambucano naquele ano. Depois do Santa, fui pra baixo. Joguei no Marília e no Gama de Brasília. Eu já estava em final de carreira. A idade vai chegando.
FTT: Você era ponta-direita. Teve o Marcelinho que jogou em uma posição mais ou menos parecida com a sua.
ATALIBA: Ele era mais um meia. Não era um ponta que ficava aberto. Eu também não era um ponta mesmo, pois os gols só saem mesmo dentro da área, portanto tinha que ficar por lá.
FTT: Quem foram os grandes jogadores que você viu jogar, não somente do Corinthians, mas do futebol em geral?
ATALIBA: Se eu for te dizer todos, vai demorar, pois a lista é muito grande. Eram épocas boas. Não era só o Santos um bom time, tinha o Palmeiras, a Ponte Preta, o Guarani, America de Rio Preto, o próprio Marília que era difícil enfrentá-los na casa deles. O futebol mudou muito.
FTT: Em que você se dedicou depois que encerrou a carreira?
ATALIBA: Participo da Associação, dando aulas. Ainda jogo futebol com frequencia para manter a forma.
FTT: O que representou o Corinthians na sua vida?
ATALIBA: Tudo! Minha estabilidade e meu nome. Não só a mim, pois ele ajuda muita gente. O Corinthians é diferenciado. Todo mundo ama e todo mundo odeia. Aqui é difícil. Pra você estar bem tem que se dar bem com a massa, com si mesmo, entender a torcida corintiana, pois ela é exigente, pura, humilde, mas te cobra muito também.
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