Em pé: Eurico. Leão. Luis Pereira. Alfredo. Dudu e Zeca; Agachados: Ronaldo. Leivinha. Madurga. Ademir da Guia e Nei
Liderado por Leão e Ademir da Guia, a Academia entra em campo para enfrentar o Botafogo de Brito, Marinho Chagas e Jairzinho. Quando o juiz apita o final da partida, os jogadores alviverdes explodem de alegria com a conquista do seu primeiro título brasileiro."
É campeão! É campeão! Quando o Palmeiras entrou no gramado do Morumbi para decidir o Brasileiro de 1972 contra o Botafogo, sua torcida já tinha o grito de guerra muito bem ensaiado. Afinal, só naquele ano, a sala de troféus do Parque Antártica havia engordado em mais quatro taças. Como era o melhor time do campeonato, jogava em casa e tinha ainda por cima a vantagem do empate, ninguém acreditava em outro resultado senão o título. Muito menos os jogadores.
"Eram tantas conquistas que estávamos tranquilos, sem pressão, certos da vitória, lembrava o zagueiro Luís Pereira quando ainda jogava no São Bernardo, da 2ª Divisão Paulista em 1993.
A vitória não veio – a partida terminou empatada em 0 a 0 -, mas o empate valeu a taça, que coroou com justiça um elenco de futebol que beirava a perfeição.
Para chegar ao favoritismo, porém, o Palmeiras passou por maus bocados durante a competição. Nas primeiras rodadas, uma derrota para o Coritiba (1×0) e uma série de empates contra equipes modestas preocuparam.
"Estávamos de ressaca, após a conquista do Campeonato Paulista, e demoramos um pouco para recordar", justificou o ex-atacante Leivinha.
Para agravar a situação do time naquele seu início titubeante, trinta dias após a estréia, em Recife, os jogadores se atrasaram na volta do almoço e o técnico Brandão chegou a pedir as contas. "O forte do nosso elenco era a união e resolvíamos os problemas entre a gente, conversando", recordou o ex-meia Ademir da Guia. O time conversou e Brandão ficou.
Contratempos resolvidos, o alviverde pôde jogar com tranquilidade seu futebol. A tática era simples: tocar a bola com rapidez, preencher todos os espaços do campo e exercer dura marcação se o adversário estivesse com a bola. "Quando eles percebiam, já tínhamos tomado conta do jogo", salienta o ex-ponta Edu.
Caso nada desse certo, havia pelo menos um craque em cada setor do campo para resolver a parada. Leão, no gol, era a segurança; Luís Pereira, uma combinação de garra e talento; o volante Dudu combatia e catimbava como ninguém; Ademir da Guia dava o toque de classe; e Leivinha sabia driblar e fazer gols.
Um empate suado contra o Inter (1×1), no Pacaembu, colocou o time na grande decisão. Certos de que o pior já tinha passado, os palmeirenses não encontraram dificuldades para impor seu jogo contra o Botafogo. Na verdade, a equipe carioca, que precisava vencer, mostrou-se tímida na hora de atacar. Nas raras tentativas, Jairzinho, Zequinha e Fischer eram bem marcados por Dudu, Alfredo e Luís Pereira e pouco produziam de útil. Favorecidos pelo empate, os jogadores do Palmeiras preferiram quase não se arriscar no ataque.
O JOGO
Foram 30 partidas na conquista do primeiro campeonato brasileiro da Academia, com 16 vitórias, 10 empates e 4 derrotas, um total de 46 gols marcados e 19 sofridos. Para chegar a esta final, o Palmeiras, três dias antes, havia empatado na semifinal com o Internacional. A expectativa da torcida seria uma grande vitória, mas o Palmeiras soube cadenciar a partida e manter o resultado.
PRIMEIRO TEMPO
8 min. Mesmo seguro por Carlos Roberto, Leivinha lamça Madurga, que corre entre Brito e Osmar e chuta rente ao travessão de Cao.
16 min. Madurga puxa para sí a marcação de Marinho Chagas e Osmar e lança Edu. O ponta, desmarcado, centra rasteiro. Leivinha surge correndo, mas a bola bate em Marinho Chagas e sai para escanteio.
34 min. Em mais um bom cruzamento de Edu, Leivinha cabeceia no ângulo esquerdo de cao e marca um gol, logo anulado porque o atacante estava em impedimento.
41 min. Leivinha sofre falta na intermediária. Edu bate bem, mas Cao faz boa defesa no canto esquerdo.
SEGUNDO TEMPO
2 min. Zequinha cruz forte para a grande área do Palmeiras. Leão não alcança a bola, que pára nos pés de Fischer. O atacante acaba chutando em cima de Alfredo. A rigor, esta foi a única grande oportunidade perdida pelo Botafogo em todo o jogo.
4 min. Edu passa por Marinho Chagas e entrega a Madurga, que, mesmo de fora da área, chuta forte, rente ao travesão de Cao.
16 min. Ademir da Guia centra, Brito falha e a bola passa por baixo da perna de Leivinha, sobrando limpa para Nei. Este atrapalha-se todo e perde a chance.
35 min. Nei, impedido, ignora o apito do juiz, dribla Cao e marinho Chagas e marca. A torcida do Palmeiras aproveita para dar início a festa do título, tão próximo.
41 min. Já com os palmeirenses comemorando a conquista do título, o Botafogo resolve partir para cima do verdão. Mas não há tempo para mais nada.
Depois dos noventa minutos, a torcida palmeirense comemorou o empate por 0 a 0 que deu o título ao Alviverde do Parque Antártica.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 0 x 0 BOTAFOGO
Data: 23 de dezembro de 1972
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo
Árbitro: Agomar Martins (RS)
Renda: Cr$ 649.445,00
Público: 58.287
Palmeiras: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu (Zé Carlos) e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Madurga, Leivinha e Nei. Técnico: Oswaldo Brandão.
Botafogo: Cao; Valtencir, Brito, Osmar e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Jairzinho, Fischer e Ademir Vicente (Ferreti). Técnicos: Tim e Leônidas.
A campanha:
0 X 1 Coritiba
3 X 0 Vitoria
1 X 1 Sergipe
2 X 2 Botafogo
3 X 0 Santa Cruz
1 X 1 Internacional
2 X 1 Nautico
3 X 1 C.R.B
2 X 2 Cruzeiro
1 X 0 Fluminense
1 X 0 Portuguesa
3 X 0 Atlético/MG
1 X 0 Flamengo
0 X 1 Santos
0 X 0 Vasco
0 X 1 Corinthians
0 X 0 Nacional /AM
2 X 0 Remo
1 X 0 Grêmio
2 X 0 América/RJ
2 X 1 América/MG
0 X 0 São Paulo
4 X 1 Bahia
3 X 0 Ceará
2 X 2 ABC
0 X 2 São Paulo
3 X 1 América/RJ
3 X 0 Coritiba
1 X 1 Internacional
0 X 0 Botafogo
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