Vicente Mateos Bathe, conhecido como Vicente Matheus, nasceu em Zamora, na Espanha, em 28 de maio de 1908. Chegou à São Paulo aos seis anos de idade, em 1914. Era o mais velho dos onze filhos de um português casado com uma espanhola.
Naturalizado brasileiro, tornou-se em empresário da construção civil pesada, mineração de pedreiras (extração de pedras e areia para construção civil).
Tornou-se nacionalmente conhecido como presidente do Sport Club Corinthians Paulista por oito mandatos, além de ter logrado a eleição de sua esposa, Marlene Matheus (1991 a 1993), para sucedê-lo. Era considerado um dirigente à moda antiga, que usava recursos próprios para financiar projetos no timão.
Matheus nunca escondeu seu jeitão simplório. Trocava palavras nas frases (alguns diziam ser proposital, o que não seria difícil de ocorrer) e administrava o clube como se fosse uma microempresa. Não tinha visão estratégica, com idéia de investimentos ou de marketing. Ainda assim, ninguém duvidava de sua honestidade e amor ao clube.
Por isso, Vicente Matheus é lembrado com saudade pelos torcedores. Não apenas os corintianos, mas todos que achavam que diretor de clube que se leva a sério demais não tem graça.
Era uma figura folclórica que produzia máximas (alguns dizem que propositadamente) carregadas de incorreções e divertiam amigos e desafetos. Faleceu em 1997, de câncer, após ficar 14 dias internado no Instituto do Coração. Foi sepultado no cemitério da Quarta Parada em São Paulo.
Foi em sua administração que o Corinthians venceu o famoso campeonato paulista de 1977 e o primeiro Brasileiro em 1990.
Em uma entrevista ao Observatória de Imprensa, em 24 de outubro de 2001, Luiz Carlos Ramos, autor do livro "Vicente Matheus: quem sai na chuva é pra se queimar", falou um pouco do ex-presidente. Confira:
Da relação com a Imprensa
"Vicente Matheus, como tantos dirigentes, queixava-se da mídia. Dizia que muitos repórteres deturpavam o que ele falava. E lamentava que alguns jornalistas chegassem a lhe pedir dinheiro para escrever coisas positivas sobre o Corinthians e sobre sua administração. A mídia, de qualquer modo, foi responsável, em grande parte, pela fama alcançada por Matheus."
"Matheus não mostrava grande interesse em agradar jornalistas. Basta lembrar que, ao contrário do que acontecia com seu irmão, Isidoro Matheus, que, como vice-presidente de futebol do Corinthians, enviava um litro de uísque para cada jornalista esportivo de São Paulo no fim de cada ano, Vicente Matheus não era de presentear repórteres. E costumava dizer, após a entrevista: "Vê se escreve tudo certinho, heim?!"
Como seria sua administração nos tempos atuais
Hoje, seria difícil Vicente Matheus conviver com esse esquema de patrocinadores e parceiros que acabam influindo muito no clube e chegam até a vender passes de grandes jogadores em pleno campeonato. Matheus resistia até à idéia de a camisa do Corinthians ter o nome do patrocinador. Depois, acabou cedendo. Mas não aceitava palpite de patrocinador. Ele era folclórico e centralizador. Lutava muito pelos interesses do clube. E, verdade seja dita, não usava o Corinthians para ser candidato a algum cargo na política e não roubava dinheiro do clube: ao contrário, chegou a colocar dinheiro do próprio polso para comprar passes de jogadores (Almir, o Pernambuquinho, em 1960, por exemplo).
Trajetória
Em 1934, quando começava a fazer fortuna com uma pedreira, entrou de sócio do clube e comprou, na rua São Jorge, a casa mais próxima da sede do Corinthians. A residência foi desapropriada anos depois, no entanto Matheus nunca mais se mudou das redondezas do Tatuapé.
Foi diretor de futebol do Corinthians em 1954, quando o clube conquistou o título paulista do IV Centenário.
Tem seu primeiro mandato como presidente em 1959 (1959 a 1961). Fato que repetiria nos anos de 1972 a 1981; e 1987 a 1991.
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