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25/02/2010 - José Maria Gatica: Esbanjou milhões e morreu na miséria

Um dos maiores nomes do boxe latino-americano, pela sua brilhante trajetória, e também um dos mais discutidos, pelas suas atitudes excêntricas e ás vezes escandalosas, foi inegavelmente, José Maria Gatica, tragicamente desaparecido no inicio dos anos sessenta, atropelado por um ônibus, ao sair de um campo de futebol, onde tentara vender uns bonecos-mascotes, a fim de ganhar algum dinheiro para poder viver. Quando no apogeu de sua carreira pugilistica, Gatica sempre procurava irritar com provocações, as mais variadas, a grande massa de aficionados que comparecia aos espetáculos em que tomava parte, sendo recebido com vaias e demonstrações de desagrado. Mas, quase sempre, os apupos eram transformados em calorosos aplausos, quando ele partia feroz em busca da vitória. Os assobios substituídos pelos brados de incentivo e entusiasmo – "Ariba Mono" "Dá-lhe Tigre".

Como amador conquistou uma série de títulos nacionais e internacionais. Popularissimo como amador, debutou no profissionalismo no dia 8 de dezembro de 1945, vencendo Leopoldo Mayrano. A partir daí, sua carreira foi uma seqüência de sucessos que lhe trouxeram fama e dinheiro. Logo se transformou em uma das maiores atrações da história do pugilismo argentino. Vigoroso, combativo e leal, demonstrava também técnica apreciável. Havia boxe e da melhor qualidade na rapidez de seus golpes, na noção de distância, no seu jogo de pernas, sincronizado com os demais movimentos, em seus reflexos instantâneos e em sua visão surpreendente. E não somente atacando. Defendendo-se também.

Com uma popularidade invejável, Gatica conquistou um recorde extraordinário. Em cerca de onze anos de profissionalismo, lutou noventa e cinco vezes, dos quais perdeu apenas sete. Cremos que, o que deve interessar em Gatica é o pugilista excepcional que foi. Mas, deve haver quem deseje conhecer e julgar o homem. Achamos injustas as recriminações ao seu amor ao luxo, seu espalhafatoso modo de trajar, suas camisas e gravatas escandalosas, seus chapéus extravagantes, sua bengala e suas bravatas. Tudo isso, quanto seus socos no ringue, formavam parte de sua grande revanche, assim como seus esbanjamentos. Porém, se tudo isso era criticável, não merece esse menino grande uma palavra de generosidade ? Ou não é verdade que a "bolsa" do seu primeiro combate com o campeão Alfredo Prada, ele deu a um de seus irmãos para comprar um caminhão de que necessitava para trabalhar por contra própria ? E quando presenteou seu adversário, um anônimo pugilista, em Santiago del Estero com toda a "bolsa’ que lhe coube pelo combate ? E quando ao festejar seu aniversário fez parar todos os ônibus que passavam em frente a sua residência, em Saavedra, para oferecer champanha aos motoristas ? E quando ao sair do Luna Park, ao ver uma velhinha vendendo jornais, comprou todos para que ele fosse descansar ? E quando deu mil pesos a um garoto que engraxava os sapatos, não aceitando o troco ? Lamentavelmente, junto a isso, havia ao excessos que abreviaram a sua carreira de boxeador. Também protagonizou alguns escândalos. Porém, mais de um desse episódios, foi deformado ao ser noticiado, deixando Gatica mal perante a opinião publica. Como ocorre sempre nesses casos, as retificações não tiveram nunca o mesmo alcance. Mas, para a multidão, isso nada significava e a tudo, verdade ou lenda, respondia com seu grito entusiástico – "Mono ! Mono !" "Dá-lhe Tigre".

José Maria Gatica morreu na miséria e atropelado por um ônibus. Deixou saudade e seu nome na história do pugilismo argentino.



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