Por: Edwellington Villa.
Na foto da capa, Poiani que hoje leva uma vida tranqüila como proprietário de farmácia em Catanduva, onde vive com a mulher, Cinderela, e os filhos João Luiz e Marcela
Na fot da matéria o time do XV de Jaú que goleou o Corinthians por 3 a 0 pelo Paulistão de 77. De pé: Valentim, Olavo, Sabará, Estevam, Galli e Caíca; agachados: Luis Poiani, Ademir Mello, Ivo, Valdomiro e Paulo Moisés
do histórico título paulista de 1977. A brilhante conquista tornou-se inesquecível em razão de o Alvinegro do Parque São Jorge ter quebrado um jejum de 22 anos (entre 1954 e 1976) sem ganhar um campeonato importante. Porém, naquela temporada o Mosqueteiro teve um carrasco: Luis Antonio Poiani, um ponta-direita rápido e oportunista, revelado pelo América e que disputou o Paulistão de 77 pelo XVde Jaú. Quatro meses antes da épica final contra a Ponte Preta (vitória corintiana por 1 a 0, gol de Basílio), o Corinthians enfrentou o XV de Jaú, no estádio Zezinho Magalhães. Poiani estava infernal. Moisés, Zé Eduardo e Wladimir não achavam o endiabrado ponteiro. Poiani abriu o placar aos 9 minutos do primeiro tempo num chute cruzado de fora da área.
Na etapa final, ele ampliou. A falta cobrada da esquerda por Sabará desviou no árbitro Romualdo Arpi Filho e sobrou na risca da área para Luis Poiani que bateu de três dedos para fazer 2 a 0. Revoltados, torcedores corintianos invadiram o campo para tirar satisfação com jogadores do Timão. A partida ficou paralisada por 20 minutos. Depois do reinício, Luis Poiani continuou aprontando das suas. Arrancou do meio-campo, atropelou Wladimir, passou por Moisés e cruzou rasteiro para Ademir Mello completar de primeira. "Foi um jogo marcante na minha carreira", diz Poiani
Passagens por clubes da Argentina
No final de 1976, Luis Poiani foi emprestado ao Catanduvense e logo na estréia arrebentou nos 4 a 2 sobre o XV de Jaú, que ainda foi campeão da Primeira Divisão (atual A-2). No ano seguinte, o XV, como debutante no Paulistão, não mediu esforços para contratá-lo. Fez um campeonato esplêndido. Brilhou tanto que o técnico José Teixeira o convocou para disputar o Torneio de Toulon, na França, pela Seleção Brasileira de Novos, junto com o zagueiro Oscar, Muricy Ramalho, o goleiro Pirangi, o lateral-direito Mauro, entre outros. Também foi campeão da Copa da Coréia pela seleção paulista. Em 1977, a diretoria do América o vendeu ao Inter de Porto Alegre. "Me contrataram porque o Valdomiro ia parar e não parou", lembra. "Fiquei na reserva e joguei muito pouco, então, decidi deixar o clube." Retornou ao América em 1979 e jogou algumas partidas referentes ao estadual do ano anterior. Sua despedida foi na derrota de 3 a 1 para o Juventus, na rua Javari, no dia 1º de abril. Tendo Juan Figger como procurador, defendeu Atlético Goianiense e Náutico. Ainda jogou no Union Santa Fe e no Rosario Central, ambos da Argentina, no Corinthians de Presidente Prudente e no Bragantino, em 1983, quando pendurou a chuteira, aos 29 anos. "Já tinha operado o púbis e sofri uma contusão no ligamento do joelho esquerdo", justifica. Formou-se em educação física, em Catanduva, onde mora até hoje com a mulher, Cinderela, e os filhos João Luiz e Marcela. Há 20 anos, é dono de uma farmácia de manipulação.
Projeção no América em 72
Nascido em Ariranha, no dia 15 de junho de 1954, Poiani começou a jogar futebol no time amador de sua cidade natal. O pai dele, Aristides, trabalhava com transporte de café, e um dia, quando foi descarregar na empresa de Aluizio Cherubini, que presidia o América, indicou seu filho. O dirigente concordou em avaliar o menino. "Eu já treinava entre os profissionais do Grêmio Catanduvense e me senti à vontade entre os ‘cobras’ do América", recorda. Pelo aspirante do Rubro foi campeão da Copa Estadual LS de Futebol Amador de 1972, ao derrotar a equipe de Cruzeiro, do Vale do Paraíba, por 2 a 1, na final, no estádio Mário Alves Mendonça. Como prêmio, o América ganhou uma excursão para jogar no Paraguai. "Não quis viajar para não atrapalhar meus estudos", afirma o jogador, que cursava o 3º colegial na escola Jamil Khauan. Foi promovido ao time principal pelo técnico Vail Mota e estreou na vitória de 3 a 2 sobre o Juventus, no Morumbi, em São Paulo, quarta-feira, dia 16 de agosto de 1972. Entrou no segundo tempo no lugar de Edmir Tedeschi, que estava improvisado na ponta-esquerda.
O América perdia por 2 a 1. Com dribles rápidos, desarticulou a defesa juventina e levou o Vermelhinho à virada, com gols de Didi, cobrando pênalti, e Milton. Foi a primeira vitória americana no returno do Paulistão daquele ano, depois de derrotas para Corinthians, Palmeiras, Santos e empates contra Guarani e São Bento. Participou da gloriosa campanha de 1975, quando o América ficou em 4º lugar no Paulistão, atrás apenas de São Paulo, Portuguesa e Santos. Desequilibrou em vários jogos, principalmente em dois duelos contra o Santos. No primeiro turno, no Mário Alves Mendonça, entrou no lugar de Zuza e marcou o gol da vitória por 2 a 1. No hexagonal decisivo, no Pacaembu, também decretou o triunfo do Rubro por 2 a 1, de virada, aos 45 minutos do segundo tempo.
Fichas técnicas:
Juventus 2 x 3 América
Juventus
Miguel; Chiquinho, Carlos, Guassi e Osmar; Brida (Maurinho) e Brecha; Luiz Antônio, Adnam, Sérgio Pinheiro (Toninho) e Antoninho. Técnico: não obtido.
América
Marco Ortolan; Paulinho, Dobreu, Jairzão e Valter; Jean e Didi; Wilson, Turcão, Milton e Edmir Tedeschi (Luis Poiani). Técnico: Vail Mota.
Gols: Turcão aos 28 e Chiquinho (pênalti) aos 37 minutos do primeiro tempo. Brecha (falta) aos 6, Didi (pênalti) aos 39 e Milton aos 42 minutos do segundo tempo.
Juiz: Oscar Scolfaro.
Renda e público: não divulgados.
Local: Morumbi, em São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 1972, pelo segundo turno do Paulistão, na estréia de Luis Poiani no América.
América 2 x 1 Santos
América
Nonô; Paulinho, Miro, Jairzão e Nelson Prandi; Didi e Serginho Índio; Zuza (Luis Poiani), Paraná, Wilson Luiz e Dirceu (Darci). Técnico: Vail Mota.
Santos
Wilson; Nei, Oberdan, Vicente e Zé Carlos; Carlos Alberto e Brecha; Adilson (Turcão), Léo, Cláudio Adão (Clayton) e Edu. Técnico: Elba de Pádua Lima, o Tim.
Gols: Dirceu aos 2, Brecha aos 22 e Luis Poiani aos 37 minutos do segundo tempo.
Juiz: Oscar Scolfaro.
Renda: Cr$ 97.327,00.
Público: 8,4 mil pagantes.
Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, dia 12 de março de 1975, pelo primeiro turno do Paulistão.
Santos 1 x 2 América
Santos
Joel Mendes; Carlos Alberto Torres, Oberdan, Bianchi e Wilson Campos (Nei); Teodoro e Miflin; Mazinho, Totonho, Cláudio Adão e Edu (Brecha). Técnico: Pepe.
América
Luiz Antonio Totó; Paulinho, Baldini, Jairzão e Cleto; Miro e Nelson Prandi; Luis Poiani, Paraná, Paulo César e Zuza (Didi). Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Gols: Mazinho aos 15 minutos do primeiro tempo. Paraná aos 14 e Luis Poiani aos 45 minutos do segundo tempo.
Juiz: Roberto Nunes Morgado.
Renda: Cr$ 194.368,00.
Público: 17,1 mil pagantes.
Local: Pacaembu, em São Paulo dia 3 de agosto de 1975, pelo hexagonal decisivo do Paulistão.
XV de Jaú 3 x 0 Corinthians
XV de Jaú
Valentim; Galli, Estevam Soares, Olavo e Caíca; Ivinho, Ademir Mello e Sabará; Luís Poiani, Valdomiro (Antônio Carlos) e Paulo Moisés (Fernando Pirulito). Técnico: Cilinho.
Corinthians
Jairo; Cláudio Mineiro, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo, Luciano e Palhinha; Vaguinho (Edu), Geraldão e Romeu. Técnico: Oswaldo Brandão.
Gols: Luis Poiani aos 9 minutos do primeiro tempo. Luis Poiani aos 16 e Ademir Mello aos 39 minutos do segundo tempo.
Juiz: Romualdo Arpi Filho.
Renda: não obtida.
Público: cerca de 23 mil pessoas.
Local: estádio Zezinho Magalhães, em Jaú, sábado, dia 5 de junho de 1977, quando Poiani arrebentou com o Timão, que quatro meses depois faturou o título paulista e quebrou um jejum de 22 anos sem conquistas importantes.
Juventus 3 x 1 América
Juventus
Colonesi; Deodoro, Cedenir, Fagundes e Bizi; Nedo (Tatá), Tião e César; Ataliba, Geraldo Manteiga e Rubens (Brecha). Técnico: Milton Buzzetto.
América
Valô; Nelson Prandi, Zico, Mauro e Ademir Gomes; Luiz Vieira, Tadeu
e Marcelo (Beline); Arlem, Iaúca e Cândido (Luis Poiani). Técnico: Barbatana.
Gols: Cedenir aos 31 minutos do 1º tempo. Cedenir (falta) aos 15, Ataliba aos 17 e Iaúca aos 37 minutos do 2º tempo.
Juiz: Márcio Campos Salles.
Renda: Cr$ 96,5 mil.
Público: 3.436 pagantes.
Local: rua Javari, em São Paulo, domingo, 1º de abril de 1979, na última rodada do Paulistão de 78, na despedida de Luis Poiani do América.
Corinthians de Prudente 1 x 2 América
Corinthians de Prudente
Luiz Carlos; Gerson, Almeida, Dário e Toninho Braga; Rubinho, Nenê e Paranhos; Luis Poiani, Mariozinho e Índio. Técnico: não obtido.
América
Luiz Fernando Calori; Berto, Ailton Silva, Jorge Lima e Ademir Gomes; Rotta, Paulo César e Beto Rocha; Marinho, Paulinho Cascavel e Mazzola.
Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Gols: Gerson aos 32 minutos do primeiro tempo. Marinho aos 31 e aos 43 minutos do segundo tempo.
Juiz: Nilo Alexandre Mendes.
Renda: Cr$ 298 mil.
Público: cerca de 3 mil pessoas.
Local: estádio Parque São Jorge, em Presidente Prudente, quarta-feira, 18/2/1981, em amistoso que marcou a estréia de Poiani no Corinthians Prudentino.
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