Por: Edwellington Villa, São Jose do Rio Preto
Na capa, foto de Bazaninho nos dias atuais
Na foto da matéria, linha ofensiva formada por Faustino, Marco Antônio, Prado, Bazaninho e Valdir, antes de um jogo do São Paulo, em 1964, no inacabado Morumbi. Atrás aparece o lateral Jurandir (6)
Extremamente habilidoso, Bazaninho colocava a bola onde queria e infernizava os adversários com uma canhota arrasadora. De seus pés saíam lançamentos primorosos para os atacantes e, muitas vezes, arremates potentes e indefensáveis. Atuou em vários clubes do futebol brasileiro, mas fez sucesso no São Bento e no São Paulo. Também ajudou o América a subir do Paulistinha para o Paulistão em 1971. Oliver Roberto Bazani - irmão de Bazani, o Rabi, maior ídolo da história da Ferroviária -, nasceu em Mirassol no dia 30 de julho de 1941, e começou a jogar futebol na equipe juvenil da sua terra natal, comandada pelo técnico Anésio Pelicione, o Matinê. Disputou o Amadorzão do Estado pelo Bálsamo até ser descoberto por Olavo Fleury e seu filho José Teóphilo Fleury Netto, são-paulinos fanáticos, que o indicaram ao Tricolor.
Em outubro de 1958, o São Paulo veio jogar contra o América, em Rio Preto. O técnico Vicente Feola e o diretor Raimundo Paes de Almeida deram uma esticadinha até Mirassol e viram Bazaninho em ação. Não tiveram dúvida e acertaram a transferência do promissor meia-esquerda, de apenas 17 anos. "Meu pai (Olivério Bazani) ganhava 20 Cruzeiros por semana como sapateiro e o São Paulo deu 12 mil Cruzeiros a ele para me levar", informa. O técnico dos aspirantes, Remo, o deixou à vontade. "Ele me disse: ‘faz o que você sabe.’" Estreou na vitória de 3 a 1 sobre o Corinthians, no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista de Aspirantes. "Marquei o primeiro gol", relembra. A linha ofensiva contava com Juraci, Salvador, Olímpio, Paulinho e Bazaninho. Em 1960, o time profissional do São Paulo foi disputar uma série de jogos no México. "Eu e o Peixinho nos destacamos nos aspirantes e fomos convocados, também." O Tricolor foi campeão do torneio de inauguração do estádio Jalisco. Na partida de abertura goleou o Guadalajara por 6 a 1.
No ano seguinte foi emprestado ao Batatais, onde ficou duas temporadas, e em 1962 transferiu-se para o São Bento, de Sorocaba. Integrou o melhor São Bento de todos os tempos ao lado de Walter, Odorico, Salvador, Gibe, Nestor, Marinho, Picolé, Afonsinho, Cabralzinho, Paraná e outros. A equipe sorocabana foi campeã da Primeira Divisão (atual A-2) ao ganhar do América na decisão em uma série melhor de três partidas. O primeiro confronto, em Rio Preto, terminou empatado sem gols. No segundo, 1 a 1, em Sorocaba. Bazaninho marcou o gol de empate do São Bento na etapa final. No terceiro, no Pacaembu, o time beneditino ganhou por 2 a 1, na prorrogação. Retornou ao São Paulo em 1964/65. Arrebentou numa excursão à Itália e o Milan queria comprá-lo, mas não houve acordo financeiro. "O Laudo Natel (presidente do Tricolor na época) pediu um absurdo e depois justificou que não arrumaria outro meia como eu", relata. Desanimou, seu rendimento caiu e foi para o São Bento. Em 1971 veio para o América. "Fizemos uma campanha maravilhosa e subimos para o Paulistão."
Milan e Grêmio queriam levá-lo
Bazaninho até hoje guarda mágoa por não ter sido negociado com o Milan, da Itália, em 1964. "Eles ofereceram 150 milhões de Cruzeiros ao São Paulo e 40 milhões pra mim", diz. Dirigentes do Tricolor lhe deram um carro volkswagem e 1 milhão por mês. Depois do negócio emperrado, Bazaninho diz que o técnico José Poy passou a persegui-lo. O talentoso meia-esquerda ficou desiludido e entrou em depressão. "O cavalo passou arreado e não me deixaram montar." Pouco tempo depois, o Grêmio (RS) também se interessou por ele. Novamente não houve acordo financeiro entre os clubes. Em 1965, o São Bento, então, pagou 20 milhões de Cruzeiros e deu o passe do ponta-esquerda Paraná para ficar em definitivo com Bazaninho. Ficou na equipe de Sorocaba até 1970. No ano seguinte ficou três meses na Ponte Preta e outros três no Paulista, de Jundiaí. Veio para o América e subiu para o Paulistão.
Em 1972 defendeu o XV de Piracicaba. "Fiquei quatro meses e não vi um tostão." No começo de 1973 transferiu-se para o Vila Nova-GO e foi vice-campeão goiano, pendurando a chuteira. "Perdemos a final por 1 a 0 para o Goiás." Formou-se em químico metalográfico (estudo básico do alumínio) e passou a trabalhar na Companhia Brasileira de Alumínio, do Grupo Votorantim. O alcoolismo quase o derrubou. Porém, com a ajuda de amigos, principalmente João Mahfuz, superou o vício e arrumou novo emprego. A saudade da bola falou mais alto em 1979, quando disputou alguns jogos pelo Mirassol. O peso da idade - estava com 38 anos - falou mais alto e decidiu abandonar definitivamente o futebol. Evangélico, Bazaninho é casado com Renata e pai de Diego, de 13 anos, e Rodrigo, de 16, que está no time do Litoral (criado por Pelé). Seus outros filhos são Júnior, Jeferson, Laurinha, Simone e Lelo, frutos do primeiro casamento. Mora em Sorocaba e apesar de aposentado trabalha até hoje como vendedor.
FICHAS TÉCNICAS:
São Bento - 1
Walter; Fernando, Marinho, Gibe e Salvador; Ney e Bazaninho; Copeu, Picolé, Almir e Batista. Técnico: Spínola.
Corinthians - 0
Marcial; Jair Marinho, Mendes, Clóvis e Edson Cegonha; Dino Sani e Nair; Marcos, Tales, Rivellino e Gilson Porto. Técnico: Filpo Nuñes.
Gol: Copeu aos 23 minutos do segundo tempo. Árbitro: Olten Aires de Abreu. Renda: Cr$ 16.423.000,00. Público: não obtido. Local: estádio Umberto Reali, em Sorocaba, quarta-feira, 26 de outubro de 1966, pelo segundo turno do Paulistão.
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São Paulo - 0
Suli; Deleu, Penachio e Riberto; Roberto Dias e Jurandir; Faustino, Marco Antônio, Del Vechio, Bazaninho e Agenor. Técnico: Oto Vieira.
América - 0
Reis; Bertolino, Santo e Ambrózio; Mota e Victor;
J. Alves, Celino, Walter Carioca, Waltinho e Cuca. Técnico: Rubens Minelli.
Árbitro: Airton Vieira de Morais. Renda: Cr$ 1.906.000,00. Público: não obtido. Local: Morumbi, em São Paulo, dia 6 de setembro de 1964, pelo primeiro turno do Campeonato Paulista.
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América - 1
Getúlio; Paulinho, Dobreu, John Paul e Walter (Ambrózio); Alfredo Mostarda e Bazaninho; Mazinho, Didi (Paraná Buchinha), Milton e Joãozinho. Técnico: Vail Mota.
Comercial - 0
Zé Mauro (Colela); Batalhão, Leonardo, Poli e Maurício; Nelsinho (Joãozinho) e Golê; Jair Gonçalves, Jair Bala, Paulo Bim e Plínio. Técnico: Renganeschi.
Gol: Milton aos 43 minutos do segundo tempo. Árbitro: José de Oliveira. Renda: Cr$ 3.150,00. Público: 4.561 pagantes. Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, domingo, dia 5 de dezembro de 1971, pela penúltima rodada do Paulistinha, quando Bazaninho ajudou o América a conquistar o acesso para o Paulistão.
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São Bento - 1
Walter; Julião, Odorico e Salvador; Nestor e Paulinho; Afonsinho, Cabralzinho, Picolé, Bazaninho e Paraná. Técnico: Wilson Francisco Alves, o Capão.
América - 1
Reis; Gutemberg, Murilo e Ambrózio; Celino e Fogueira; Colada, Walter Carioca, Sapucaia, Cuca e Dirceu. Técnico: João Avelino.
Gols: Sapucaia aos 2 e Bazaninho aos 38 minutos do primeiro tempo. Árbitro: Anacleto Pietrobom. Renda: Cr$ 3.315.900,00. Público: não obtido. Local: Rua Nogueira Padilha, em Sorocaba, domingo, dia 17 de fevereiro de 1963, no segundo jogo decisivo do Paulistinha (atual A-2). O São Bento venceu o jogo extra por 2 a 1, em São Paulo, e ficou com o título.
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