Na foto da capa, Pintado comanda o treino no Mirassol.
Na foto da matéria o time do Bragantino que disputou
a Série B do Brasileiro e do Paulistão. Em pé: Paulo César (com Paulo Júnior no colo), Pintado, Júnior, Souza, Gilmar, Biro Biro e Mococa; agachados: Valmir, Ivair, Gatãozinho, Zé Roberto e Luis Muller
Raí, Muller, Cafu, Palhinha e Toninho Cerezo eram as principais estrelas do São Paulo comandado pelo técnico Telê Santana. Mas elas só brilhavam graças ao polimento do "capataz" Pintado, o pitbull do time Tricolor, que acumulou títulos no início da década de 1990. Foram dois mundiais interclubes, duas Libertadores e o bicampeonato paulista. Destas conquistas, Pintado só não fez parte do primeiro estadual e do segundo mundial. Foram quase 10 anos defendendo o clube do Morumbi.
Luís Carlos de Oliveira Preto começou a ser chamado de Pintado por amigos ainda na infância. Nascido em Bragança Paulista, no dia 17 de setembro de 1965, ele sempre foi apaixonado por futebol. "O primeiro presente que ganhei do meu pai foi uma bola", recorda. "Quando jogava futebol na época de criança eu esquecia da hora e minha mãe tinha que ir me buscar todos os dias num campinho perto de casa." Passou por alguns times amadores de sua terra natal até ser descoberto pelo ex-zagueiro Flávio, que havia jogado no Corinthians e era o treinador das categorias de base do Bragantino. Atuava na zaga, mas não demorou para ganhar uma chance na equipe principal, como lateral-direito, lançado pelo técnico Boca, vindo dos juniores do Palmeiras. "O elenco era reduzido e o clube não pagava direito", relembra.
Firmou-se na equipe e em meados de 1984, Boca retornou ao Palmeiras e o levou para o sub-20 do Verdão. "Fiquei 45 dias só treinando sem que a diretoria resolvesse a minha situação. Daí, o São Paulo ofereceu uma boa grana e me comprou junto ao Bragantino." No final de 1986 foi emprestado ao Taubaté, integrante da Segunda Divisão. Retornou ao Tricolor no ano seguinte e em 1988 foi cedido ao Bragantino, que já era comandado por Vanderlei Luxemburgo e o adaptou na cabeça-de-área. "Fomos campeões da Intermediária e subimos para o Paulistão", informa.
Na equipe de Bragança participou ainda das conquistas do Brasileiro da Série B de 1989, do Paulistão de 1990 e do vice brasileiro de 1991. Apesar das façanhas pelo Braga, Pintado não teve seu trabalho reconhecido pelo presidente Jesus Abi Chedid. "Na hora de renovar contrato ele queria me empurrar uma proposta goela abaixo e não aceitei", diz. "Então, ele mandou eu voltar ao São Paulo." Pintado chegou ao Morumbi meio ressabiado, porém foi bem recebido por Telê e Moracy Sant’Ana. Com muita vontade e determinação, superou as adversidades, ganhou a confiança do "mestre" e espaço no time. "Eu já havia casado, estava precisando e queria muito mostrar o meu valor", descreve. "Era o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos." Vieram as conquistas e o reconhecimento da nação tricolor.
Atuou no Santos e em mais nove clubes
Símbolo de raça e determinação, depois de se destacar no São Paulo, Pintado foi vendido ao Cruz Azul, do México, onde tornou-se ídolo e foi comandado pelo técnico argentino César Luis Menotti. Emprestado por quatro meses ao Santos participou da campanha do vice-campeonato brasileiro de 1995. Voltou ao México, onde permaneceu até junho de 1997. No segundo semestre daquele ano ajudou o América-MG a faturar o título do Brasileiro da Série B. Jogou ainda no Atlético-MG e no Cerezo Osaka, do Japão.
No começo de 1999 foi contratado pela Portuguesa, que na época era dirigida pelo técnico Zagallo. Retornou ao América-MG em 2000 e foi campeão da 1ª Copa Sul-Minas. Em 2001 ajudou a Inter de Limeira a evitar o rebaixamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista e também atuou no Santa Cruz do Recife. Foi vice-campeão paulista pelo União São João em 2002. Naquele ano, o campeonato não contou com os grandes e o Ituano foi o campeão. Pendurou a chuteira após defender o Brasiliense.
Como o futebol corre em suas veias não conseguiu se afastar dos gramados. Em 1996, quando jogava no México, havia feito um curso de treinador e decidiu encarar o novo desafio. "Fui capitão em vários times, sempre estava muito próximo dos treinadores e aprendi muito com eles", afirma. Assumiu a Inter de Limeira em 2004 e logo na primeira empreitada levou o time do A-2 para o Paulistão. Apesar de estar apenas no quinto ano na nova função, já possui um currículo admirável, com passagens por América-MG, Sorocaba, Rio Branco de Americana, Taubaté, Rio Branco de Andradas-MG, Noroeste, Paraná, Ituano, São Caetano, Náutico, Figueirense e atualmente comanda o Mirassol. |