Na foto da capa, Emerson Leão e Luiz Antonio foram considerados os dois melhores goleiros do Campeonato Brasileiro de 1978. Na época, Leão foi vice-campeão nacional com o Palmeiras e Totó chegou a ficar mais de mil minutos (11 jogos) sem sofrer gols pelo Cruzeiro. Em 1975, no América, foram 830 minutos (9,2 partidas) de invencibilidade
Na foto da matéria o time do Cruzeiro Campeão em 1985 - No clube mineiro, Luiz Antonio passou a maior parte de sua carreira. Foram 11 anos dedicados ao Cruzeiro, onde voltou a ser campeão estadual em 1985. De pé, a partir da esquerda: Luiz Antonio, Mariano, Flamarion, Marquinhos, Zezinho Figueroa e Berto; agachados: Júnior Brasília, Eduardo Amorim, Paulo Luciano, Erivelton e Joãozinho
Os principais quesitos para se tornar um grande goleiro são agilidade, elasticidade, reflexo, coragem e boa colocação. E essas virtudes sobravam em Luiz Antonio Toledo, que começou a carreira ainda garoto no Clube Atlético Nevense, teve uma passagem marcante pelo América de Rio Preto e defendeu o Cruzeiro de Belo Horizonte durante 11 anos. O futebol sempre correu na veia de Luiz Antonio, nascido em Neves Paulista no dia 20 de novembro de 1954 e que ganhou o apelido de Totó ainda na infância, por causa do irmão mais velho, Hercílio Júnior, que hoje é médico em São Paulo e que não conseguia pronunciar seu nome. Ele vem de uma família vinculada ao esporte bretão. O pai, Hercílio Toledo, foi goleiro do Nevense, América e Gema de Monte Aprazível nas décadas de 50 e 60. Os tios Paulo, Lega e Élcio também jogaram em clubes da região. Totó sempre acompanhava o pai aos treinos e jogos do time de Neves Paulista e começou a pegar gosto pelo futebol. Em 1968, ele era o lateral-direito titular da equipe juvenil. Um certo dia, o goleiro se machucou e o técnico Romildo Rosa ficou sem opção para substituí-lo. O jeito foi improvisar Totó no gol. Teve uma atuação impecável e não deixou mais a posição. Em 1969, com 15 anos de idade, assumiu a condição de titular do profissional do Nevense na Terceira Divisão. Ficou no clube da sua terra natal por duas temporadas até se transferir para a Votuporanguense, comandada pelo técnico Dicão. Com o sucesso precoce passou a inventar moda. Fez uma permanente no cabelo, imediatamente reprovada pelo seu pai. Como castigo, teve que deixar o time de Votuporanga e retornar a Neves Paulista. Atuou ainda no Bandeirante de Birigüi e foi campeão da Segunda Divisão de 1973 pelo Araçatuba, mas naquela época não havia lei do acesso e o time continuou na mesma divisão. No ano seguinte, o atacante César Maluco, do Palmeiras, o levou para testes no Parque Antártica, após vê-lo em ação num jogo festivo de final de ano. Leão impediu a avaliação e virou a cara com César, que decidiu encaixar o novato no rival Corinthians. Ficou oito meses treinando na Fazendinha e foi escalado pelo técnico Sylvio Pirillo em apenas dois amistosos contra São José e Saad de São Caetano do Sul. O presidente do América, Benedito Teixeira, tinha muita amizade com o ‘velho’ Hercílio e acertou a vinda do filho dele para o time rio-pretense, com o preço do passe fixado em Cr$ 300 mil. Totó assinou contrato na sexta-feira, dia 24 de janeiro de 1975.
Nonô treme e Totó estréia contra Lusa
Alvo de críticas da torcida do América, o goleiro titular Nonô pediu ao técnico Urubatão para não ser escalado no jogo contra a Portuguesa, pelo Paulistão, na quarta-feira, 16 de abril de 1975. Era a chance que Totó esperava. Ele arrebentou na vitória por 2 a 0, no Mário Alves Mendonça, e não saiu mais do time. Fez um campeonato maravilhoso. Foi escolhido o melhor goleiro e a revelação do estadual. Por ironia do destino, ao final da temporada, o Corinthians, que não tinha lhe dado oportunidade, ofereceu Cr$ 900 mil pelo seu passe. O América recusou a proposta e Totó tornou-se ídolo no clube, onde permaneceu até dezembro de 1977. A despedida foi na vitória de 1 a 0 contra o XV de Piracicaba, na última rodada do Torneio Seletivo classificatório para o Brasileirão. Comprado pelo Cruzeiro, ficou pouco tempo na reserva de Raul, que foi para o Flamengo.
Totó assumiu a vaga ainda em tempo de conquistar o título mineiro de 1977 (que terminou em 78). Foi novamente campeão estadual em 85 e seis vezes da Taça Minas Gerais, equivalente ao 1º turno. Jogou por empréstimo na Inter de Limeira, em 1980, e no Maringá, em 1984. Só deixou definitivamente a equipe mineira em agosto de 1988, quando pendurou a chuteira e passou a dedicar seu tempo à fazenda que possuía no Mato Grosso. Depois, montou uma escolinha de futebol em Fernandópolis, em parceria com o Cruzeiro. Em 2003, separou-se da mulher, Sandra, e foi morar com a mãe, Deise, em Neves Paulista. Os filhos, Isabela, de 20 anos, e Rafael, de 11, ficaram com a mãe em Estrela D’Oeste. Hoje, para matar saudades de Totó, basta ir ao Bar do Zenon, em Neves Paulista.
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