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11/12/2009 - Joe Gaet Jens, um gol para a história ( 1924 - 1964 )

Pode um jogador de futebol entrar para a história com apenas um gol?

No dia 25 de junho de 1950, Estados Unidos e Inglaterra alinharam-se para um confronto válido pela primeira fase da Copa do Mundo de 50, no Brasil. Confronto este que ficaria conhecido como a maior zebra da história das Copas.
Era um típico caso de Davi versus Golias. A Inglaterra era uma potência do futebol que participava pela primeira vez de uma Copa por considerar desnecessário provar que era a melhor nos torneios anteriores. Já os Estados Unidos eram praticamente um time amador, formado na maioria por imigrantes que ocupavam na América empregos como os de professor e dentista.

No ínicio do jogo, como era de se esperar, os britânicos tomaram a iniciativa e atacavam com craques como Tom Finney, Wilf Mannion e Billy Wright, enquanto os ianques se defendiam como podiam. Mas aos 38 minutos do primeiro tempo, o atacante Walter Bahr em uma das suas raras subidas ao ataque conseguiu espaço para chutar e arriscou. Seu companheiro Joe Gaetjens pensou rápido e desviou a trajetória da bola com a cabeça, matando o goleiro inglês e marcando o único gol de sua carreira pelos EUA. 1 a 0.
A partida prosseguiu da mesma forma após o gol: os súditos da rainha massacravam a defesa americana, mas perdiam gols incríveis e ficavam cada vez mais nervosos. Ao final da peleja, o placar ainda marcava 1 a 0.
Os dez mil espectadores que lotavam o acanhado estádio Mineiro (atual Independência), em Belo Horizonte, e estavam torcendo contra os arrogantes ingleses fizeram a festa com o resultado e carregaram os vitoriosos nos braços(foto). Era o momento de glória de Gaetjens e seus companheiros, já que os americanos não ligaram muito para o resultado. No dia seguinte o fato foi mencionada apenas na quarta página da seção de esportes do New York Times.
O atacanter Bahr disse ainda em campo: "Nove de dez partidas teríamos perdido. Mas este era o nosso jogo". Quando o resultado chegou por telégrafo ao Reino Unido, os funcionários pensaram que havia um erro de digitação e que a Inglaterra havia vencido por 10 a 1.

O homem de um gol só, Joe Gaetjens, era um estrangeiro como a maioria daquele time. Nasceu no Haiti, filho de pai belga e mãe haitiana. Imigrou para os Estados Unidos nos anos 40 em um programa de escolaridade do governo de seu país natal. Estudou na Universidade de Columbia, onde também trabalhava lavando pratos. Ganhou com um time de Nova York a Liga Americana de Futebol e chamou a atenção dos coordenadores do selecionado americano que havia sido convidado para ir ao Brasil.
Após a Copa (em que os EUA saíram com uma vitória e duas derrotas), Gaetjens foi jogar na França, mas logo voltou ao Haiti, em 54. Lá montou um negócio de lavagem a seco e passou a jogar futebol apenas nos fins de semana.
Apesar de Gaetjens nunca ter sido um homem envolvido em política, sua família apoiou Louis Dejoie nas eleições de 57 contra aquele que seria o futuro ditador Francois ``Papa Doc'' Duvalier. Após o triunfo de Papa Doc, a mãe e o irmão do jogador foram presos enquanto o resto da família fugiu do Haiti. Gaetjens ficou.
No dia 8 de julho de 1964 o homem que marcou o gol que sentenciou a maior zebra do futebol mundial foi abordado pelos Tontons Macoutes, a temida polícia secreta da ditadura haitiana, e nunca mais foi visto. Gaetjens entrou para o US Soccer Hall of Fame em 1976.



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