Por: Edwellington Villa, São Jose do Rio Preto
Na foto: O time do Mirassol que disputou a Segunda Divisão de 1975. De pé, a partir da esquerda: Paulo César, Toninho, Noronha, Taruga, Márcio Galdino e Tremendão, Biga, Mineiro, Nascimento, Zé Roberto e Zinho
José Roberto de Oliveira foi um meio-campista cigano, que rodou por 18 clubes de três Estados durante os 12 anos de carreira. Talentoso, cobrador de faltas e de pênaltis, ele batia fácil na bola e cadenciava o ritmo do jogo. Começou a carreira no infantil do extinto Grêmio Recreação Esporte e Cultura (Grec), de Mirassol, e também atuou no CAP, dirigido pelo técnico Pedro Patrício, até chegar ao Romanus, de Rio Preto, comandado pela família Soler e campeão infanto-juvenil da cidade. Numa das partidas pelo Romanus, Zé Roberto foi observado pelo técnico João Avelino, que na época trabalhava no Rio Preto e pediu à sua contratação aos dirigentes. Começou a treinar entre os profissionais em fevereiro de 1967, aos 17 anos de idade. Estreou na goleada de 5 a 2 sobre o Nacional de Uberaba, no dia 21 de abril, em jogo amistoso comemorativo ao 48º aniversário do Jacaré. Depois, ele e o ponta-esquerda Benny foram para o Mirassol Atlético Clube. Em 1969, disputou o Paulista da Terceira Divisão pelo Nevense. Na temporada seguinte, o treinador Pedro Mendes o levou para o Santa Fé. No primeiro semestre de 1971 defendeu a Votuporanguense e depois rompeu divisas ao ser contratado pelo Paranavaí.
Permaneceu no Paraná até 1973, passando pelo Cianorte e Pontagrossense. Retornou ao futebol paulista para atuar no Fernandópolis. Em 1974 teve dois registros na carteira de trabalho, um no Bandeirante, de Birigui, e outro no Velo Clube Rioclarense. Voltou a vestir a camisa do Mirassol em 1975 e depois transferiu-se para o Rio Claro. "Naquela época era impossível um jogador atuar nos dois times de Rio Claro e eu quebrei este tabu", orgulha-se. Também esteve no Guarani, de Adamantina, e no Andradina, quando foi comandado pelo técnico Minuca, ex-jogador do Palmeiras. Em 1978 desbravou outra fronteira ao mostrar suas qualidades na Jataiense e no Goiânia. Ainda fez alguns jogos pelo Mirassol na Terceira Divisão, no final de 1979. Sua última aparição como profissional foi na goleada de 4 a 0 sobre o Igarapava. "Fui substituído no intervalo pelo centroavante Olivério (sobrinho de Bazani e Bazaninho)", recorda.
Dono de bar, técnico e caça talentos
Ao pendurar a chuteira, aos 30 anos, Zé Roberto montou um bar, em frente ao cemitério de Mirassol. A vida estava dura, porém, sua estrela voltou a brilhar e não demorou para ser convidado a voltar ao futebol, como treinador do time da cidade. "O Elias foi demitido após a derrota de 1 a 0 para o Uchoa, na primeira rodada da Terceira Divisão", informa. Os diretores Ademar de Barros e Antenor Ceron encontraram a solução caseira e chamaram Zé Roberto para substituí-lo. "Fiquei no Mirassol até o final de 1983, quando fui para o Marília, comandar o time sub-20", diz. Na equipe mariliense revelou craques como Careca Bianchesi, que depois jogou no Palmeiras e na Itália, o volante Bernardo (São Paulo e Corinthians), o ponta-direita Giba (Santos), o centroavante Hélio e outros. "Sempre que o treinador do profissional caía eu assumia interinamente." Assim, substituiu Capão, Roberto Brida, Lori Sandri, Marão e outros.
Em 1985 foi para o Jalesense. Depois subiu da Terceira para a Segundona com o José Bonifácio. Também trabalhou dois anos no Olímpia e outros dois na Matonense (1988/89). Esteve ainda no Radium de Mococa (1990), Rio Preto (1991/92 e 97), Umuarama-PR (1993), Monte Azul (1994), Votuporanguense (1995), Inter de Bebedouro (1996) e foi campeão amador de Rio Preto com o Palestra, em 1997. No outro ano retornava à Matonense. Na época, a equipe disputava a elite estadual. Zé Roberto coordenava as categorias de base e tampava buraco no profissional, quando os treinadores eram demitidos. Dirigiu o time contra o Palmeiras, do técnico Felipão, e a Portuguesa, de Zagallo e do centroavante Evair. Ainda trabalhou no Mirassol (2000 e 2002), Ponta Grossa, Bandeirante, de Birigui, e América. Desde 2005 trabalha como olheiro da CR Energy, parceira do Mirassol nas categorias de base. Pai de Simone e Karina e avô de Vitória, Zé Roberto nasceu em Mirassol no dia 3 de julho de 1949 e completará 37 anos de casado com Ivone, no próximo dia 27. Eles moram na mesma casa, em Mirassol, há mais de 30 anos.
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