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06/11/2009 - Entrevista com Jose Calil, comentarista, gerente de futebol e Sec. de Esportes

O entrevistado de hoje é José Calil (foto), (eterno) jornalista esportivo, ex-gerente de futebol do Grêmio Barueri e atual Secretário de Esportes da cidade de Barueri. Ele fala sobre o começo de sua carreira, a transição de repórter para comentarista, as diferenças entre trabalhar no rádio e na TV, a sua passagem pelo Barueri, entre outros assuntos.





EM: Conte-nos um pouco sobre o começo de sua carreira profissional, fazendo um resumo de seu início e dos veículos pelos quais passou.
José Calil: Iniciei a carreira em 1984, quando ainda cursava o último ano de jornalismo na PUC SP. Comecei na Rádio Boa Nova de Guarulhos, na Equipe Líder, comandada pelo falecido Armando de Barros, que só cobria jogos da Portuguesa de Desportos. Trabalhei na sequência no plantão esportivo da Rádio Jovem Pan, comandado pelo Milton Neves. Depois fui à Rádio Tupi, na Equipe Positiva, dirigida por Mário Garcia e Romano Neto (já falecidos também). Em 1986 fui convidado pelo grande Pedro Luiz e passei a trabalhar na Rádio Gazeta, com nomes como Cleber Machado, Luis Roberto, Paulo Soares, Paulo Roberto Martins e Carlos Fernando dentre outros. Em 1988 veio o grande salto na carreira, com a transferência para a Rádio Globo, onde fiquei até o ano 2000. Depois foram oito anos de Transamérica até a saída para o Grêmio Barueri no ano passado. Na TV trabalhei no Sportv em 94, 95 e 96, na Rede TV, de 2004 a 2008 e na TV Santa Cecília de Santos, entre 2002 e 2007. Hoje sou o secretário de esportes de Barueri. Ufa, quanta coisa, hein?

EM: Quando e como foi a sua transição de repórter para comentarista? E qual delas você prefere exercer?
JC: Passei a ser comentarista em 2001, quando o falecido Cândido Garcia adoeceu e passou a não poder mais atuar em todas as transmissões da Rádio Transamérica. Até 2003 trabalhei nas duas funções. Após fazer reportagens na final da Libertadores daquele ano, entre Santos e Boca Júniors, passei a ser só comentarista. A indicação para eu passar a comentarista foi do falecido Gerson Ferreira que coordenava a equipe do Eder Luiz. O Eder e os ouvintes me deram a maior força e eu me firmei na função. Sobre preferência, tudo tem o seu tempo. Para os mais jovens é melhor a reportagem, que requer vigor físico. Depois é ideal usar a experiência nos comentários.

EM: Em sua opinião, quais são as principais diferenças entre trabalhar (tanto como repórter quanto como comentarista) no rádio e na TV?
JC: São veículos muito diferentes. O rádio é minha paixão. Sou e sempre serei um cara de rádio. Por outro lado, gostei de trabalhar na TV. Tive a sorte de trabalhar com dois profissionais bastante experientes no meio que me ajudaram demais, Téo José e Luiz Alfredo. O Fernando Vanucci e o Roberto Avallone, que trabalharam comigo no Bola na Rede, também foram muito generosos comigo. No rádio as coisas são mais espontâneas. Na TV há mais produção, as coisas são mais elaboradas. São dois veículos de comunicação fascinantes, nos quais me orgulho muito de ter trabalhado, mas dois veículos muito diferentes.

EM: Calil, você, que é sempre uma pessoa polêmica, atraiu muitos admiradores (como eu) e críticos. Como você vê esse seu jeito de ser?
JC: Nunca fiz nada de propósito para ser polêmico. Simplesmente fui e sou verdadeiro em tudo o que digo, escrevo ou faço. Um amigo meu tem a melhor definição a respeito da minha pessoa e do meu lado profissional: "tudo o que você fala no boteco, na sua casa, na rua, fala também no rádio e na televisão", diz ele. É assim que funciona comigo.

EM: Todos sabem que o seu time de coração é o Santos Futebol Clube. De onde vem seu amor pelo Alvinegro Praiano?
JC: Desde que me conheço por gente torço para o Santos. O primeiro jogo que assisti num estádio foi em 1970. Tinha apenas 6 anos e vi, no Parque Antártica, o Santos empatar 0 a 0 com o América RJ. Se eu não me engano foi o último jogo de Coutinho com a camisa do Santos. Ele entrou no segundo tempo, com o nº16, no lugar de Douglas. Meu falecido pai era santista fanático. Acho que daí vem minha simpatia pelo Santos.

EM: Falando no seu pai, qual é a sua principal recordação dele?
JC: Meu pai representou muito na minha vida. Ele faleceu em 1996, quando eu tinha 32 anos. Felizmente pude desfrutar bastante da companhia dele. Ele me ensinou os princípios de uma vida honesta e produtiva, sempre cultivou hábitos religiosos e foi quem me apresentou as emoções do futebol. É uma pena ele não viver mais.

EM: Como chegou o convite de trabalhar no Grêmio Barueri? Você se arrepende de ter ido?
JC: O convite veio através do presidente Walter Sanches. Fiquei muito feliz e orgulhoso e não me arrependo em hipótese alguma. Fui muito feliz no curto período em que fui gerente de futebol do Barueri e sinto que ainda tenho muito a contribuir com o futebol brasileiro. Hoje estou também muito feliz trabalhando como secretário de esportes de Barueri ao lado do prefeito Rubens Furlan.

EM: Como foi a sua saída do Grêmio Barueri? Você ainda tem amigos lá dentro?
JC: Foi bastante traumática. Eu larguei 25 anos de jornalismo para trabalhar como gerente de futebol do Grêmio Barueri e fui mandado embora 6 meses depois por não concordar com os métodos de trabalho de um diretor que não vale o que come. Felizmente, à exceção desse diretor, só tenho amigos lá. A comissão técnica e, principalmente, os jogadores, são grandes amigos. Converso com muitos deles quase todos os dias. Aliás, se o Barueri está onde está hoje, isso se deve ao trabalho desses jogadores, que são comprometidos, têm caráter e se dedicam ao máximo na busca dos seus objetivos.

EM: E o que aconteceu com o diretor que discordou de você? Ele continua trabalhando no clube ou foi demitido?
JC: Lamentavelmente sim, esse dirigente continua no clube. Os jogadores e membros da comissão técnica não gostam dele, seu trabalho é de péssima qualidade, mas ninguém o tira de lá, infelizmente.

EM: Você chegou a receber propostas para voltar ao jornalismo esportivo após a sua saída do Barueri?
JC: Tive algumas sondagens, sim. Mas dentro do projeto que fiz para a minha vida profissional não pretendia, como não pretendo até hoje, voltar ao jornalismo esportivo. Se eu voltar, um dia, será para sempre. E, por enquanto, sinto que tenho bastantes coisas a realizar como secretário de esportes de Barueri e como um dirigente de futebol de algum clube, cargo que ainda pretendo ocupar.

EM: Como foi que apareceu a oportunidade de ser Secretário de Esportes de Barueri?
JC: O convite, que me honrou muito, por sinal, partiu do prefeito Rubens Furlan. Não era o que eu projetava para minha carreira naquele momento. Mas, posso garantir, estou muito feliz e trabalhando com entrega total para fazer o esporte de Barueri crescer nesses quatro anos num ritmo e de uma forma nunca vistos.

EM: Como é o seu dia? Quais são as principais funções de um Secretário de Esportes?
JC: Por orientação do prefeito Rubens Furlan o esporte em Barueri tem três fundamentos: promover a inclusão social, ser parte integrante da educação e representar o município nas competições. Nossa secretaria tem orçamento anual de 20 milhões de reais. Temos cerca de 10 mil crianças nas escolinhas de esportes, mil atletas em competições e um campeonato amador de futebol e futsal com quase 7 mil atletas. Nossa estrutura é composta por 14 ginásios, 12 campos de futebol gramados e outros próprios, num total de 76 unidades esportivas. É um trabalho muito intenso, mas prazeroso e bastante compensador.

EM: Calil, você tem algum sonho que ainda não foi realizado ou algum plano futuro, seja na vida profissional como na vida pessoal? Em caso positivo, qual seria?
JC: Tenho muitos sonhos, muitos mesmo. O homem que não tem sonhos não tem mais razão para seguir vivendo. Não vou nem enumerá-los aqui, pois não haveria espaço suficiente.

EM: Deixe um recado para todos os leitores que acompanham seu trabalho.
JC: O que posso dizer é que agradeço a oportunidade de poder expressar as minhas idéias para um público tão qualificado. Estou sempre à disposição para contatos futuros.

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