Ou�a a Independente AM ao vivo!
 
 

 

06/11/2009 - Os cinco maiores orgulhos e as cinco maiores vergonhas dos santistas

1º lugar: Benfica 2 x 5 Santos, em 1962

Depoimento de Pepe:

"O Santos jogava partidas nacionais e internacionais, misturando tudo. Jogávamos na Argentina, depois no Pacaembu, no Rio… Mas dessa vez, como se tratava de um Mundial, nos preparamos bem. E ganhamos com facilidade. O Benfica era nosso freguês de caderneta. Estive no Boavista há alguns anos e me encontrei com o Torres, centroavante alto do Benfica daquela época. Ele me confidenciou que o Benfica tinha muito medo do Santos e principalmente do Pelé. Essa partida foi um marco na história do Santos. Tiveram que mudar a Hora do Brasil de horário, para que as pessoas escutassem a partida pelo rádio. Os portugueses já pensavam no terceiro confronto, em Paris. Mas, quando começou o jogo, viram que a história seria outra. No Maracanã a partida foi mais dura porque o Benfica atuou mais recuado, marcando mais. Em Portugal, saíram para o jogo, sem preocupações defensivas e sem escalar alguém para marcar o Pelé. O meu gol nesse jogo foi o mais feio da minha carreira. Tabelei com o Coutinho, e a bola ficou mais para o Costa Pereira, goleiro deles. Só que o campo estava molhado, e ele foi escorregando, até quase sair da área, soltando a bola nos meus pés. Foi a maior partida que vi o Pelé fazer com a camisa do Santos. E foi a maior partida da história do Santos, junto com os 4 a 2 no Milan em 1963″

2º lugar: Santos 5 x 2 Fluminense, em 1995

Depoimento de Narciso (atualmente técnico dos juniores do Santos):

"Vi o primeiro jogo (vídeo acima) pela televisão. Fomos derrotados por 4 a 1 com três gols nos últimos 20 minutos e criamos muitas chances. Seria difícil reverter a vantagem, mas vi que os jogadores estavam confiantes pelo menos na vitória. Se a classificação viesse também, seria outra história. Para o jogo em São Paulo, perdemos dois jogadores por suspensão, o que acabou sendo positivo para o nosso propósito. O Robert e o Jamelli armavam jogadas e fechavam o meio-campo, enquanto o Macedo e o Camanducaia eram mais homens de frente e tinham mais velocidade. Treinamos muito nossas jogadas em velocidade, com a chegada de trás do Giovanni e do Marcelo Passos, e as finalizações. Sabíamos que teríamos muitas chances durante o jogo, por isso precisávamos ter frieza. As declarações no Fluminense aumentaram nossa motivação e fizeram com que crescêssemos. O Renato Gaúcho disse que sairia pelado do Pacaembu se o Fluminense não se classificasse. O Gaúcho falou que sairia de cueca. Disseram que a final seria carioca.

No começo do jogo, estávamos ansiosos. Depois que o Giovanni fez o primeiro gol, o time se tranquilizou. Nosso objetivo inicial era fazer 1 a 0 ou 2 a 0 no primeiro tempo e arriscar mais depois do intervalo. Mandamos duas bolas na trave depois que fizemos 2 a 0, e isso nos animou. Após o primeiro tempo, eu estava descendo para o vestiário e me chamaram de volta para o meio-campo. Acho que a ideia de permanecer em campo foi do Gallo ou do Giovanni. Foi legal, diferente. A torcida foi maravilhosa. O segundo tempo foi mais aberto para os dois times, e conseguimos os gols de que precisávamos. O Fluminense não esperava que jogássemos daquela maneira. No fim do jogo, quando fizemos 4 a 1, bateu um pouco de desespero no Fluminense, que começou a mandar bolas para a área. O Santos havia sido formado naquele ano. Eram jogadores jovens, pouco conhecidos, buscando seu espaço. O time jogava com alegria, era essa nossa maior virtude. Os treinamentos eram divertidos, e havia amizade entre os jogadores, até por serem quase todos da mesma faixa etária. O Giovanni vivia grande fase e era muito importante. Era o nosso desafogo. Passávamos a bola para ele e podíamos descansar um pouco, pois ele cadenciava o jogo e tinha bom controle de bola."

3º lugar: Santos 3 x 1 São Paulo, em 2002

Depoimento de Emerson Leão:

"O maior desafio era provar que era um time adulto no mata-mata. Conseguiu o inverso do que acontece com muitos times e amadureceu na hora necessária. O campeonato com mata-mata pode ser maravilhoso, mas o mais correto é premiar o time que apresenta regularidade. E aquele Santos poderia ter conseguido sucesso se a disputa fosse por pontos corridos, já que ainda haveria todo um turno pela frente. Todos diziam que jovens ganhavam partidas, mas não um campeonato. Meu desafio foi tirar deles o excesso de responsabilidade, deixá-los à vontade para continuar jogando. Tínhamos muita confiança nos moleques, e o clima era muito bom. Jogar mal é que era novidade, por isso era perdoado quando acontecia. O Santos era um time com sucesso futuro, enquanto o São Paulo era um time com sucesso presente. Era agradável ver o Santos jogar"

4º lugar: América de Cáli 1 x 5 Santos, em 2003

Depoimento de Renato (atualmente no Sevilla):

"Seria a primeira vez que todos iriam jogar a Libertadores, um sonho para qualquer jogador. Perguntamos ao Rubens Cardoso (lateral reserva) como eram os jogos, e ele dizia que eram mais disputados, mais truncados, diferentes do Brasileirão. Mas não houve qualquer tumulto. Lembro que depois, num jogo no Paraguai (contra o 12 de Octubre), tivemos que tomar banho no hotel, porque o vestiário era pequeno demais. Na Colômbia, estávamos mais ansiosos do que o normal, por se tratar de uma competição nova. O Robinho estava bastante confiante, até pela trajetória dele em 2002. Procurou fazer o mesmo que no ano anterior, e as jogadas saíram com facilidade. Deu chapéu, elástico, pedalada… Fiquei surpreso quando a torcida aplaudiu a substituição do Robinho e, ao final do jogo, o time do Santos. Na Europa você até vê isso, mas na América do Sul não é normal. Foi inusitado. Comentamos entre nós mesmos que os colombianos haviam gostado do jogo, pelo futebol bonito, pelo prazer de ter visto uma partida muito boa. Essa goleada foi fundamental para o restante da Libertadores, pois nos deu muita confiança. Poderíamos ter sido campeões naquele ano, mas infelizmente não deu."

5º lugar: Santos 4 x 2 Corinthians, em 2005

Depoimento de Gallo:

"Após a era Pelé, Giovanni e Robinho foram os dois grandes ídolos do Santos. E eles queriam muito jogar um com o outro. O Robinho sempre chamava o Giovanni de craque nos treinamentos. Disse que havia visto aquele time de 1995 e vibrado muito. E o Giovanni dava conselhos aos mais jovens e conversava bastante com o Robinho, inclusive sobre a Espanha, pois havia atuado cinco anos no Barcelona. O Giovanni é um cara muito simples, um gentleman, agradável de se trabalhar. Às vezes passa uma imagem de calado, por ser tímido, mas é um líder e tem uma influência positiva sobre os outros. Tentei dar o máximo de liberdade possível em campo ao Giovanni, até pela idade dele, para que ele pudesse servir Robinho e Deivid. Às vezes eu até recuava o Deivid para atuar como ponta-de-lança, para deixar o Giovanni livre. Eu sabia que, com Giovanni e Robinho juntos, sairia alguma coisa boa. Foi muito frustrante depois saber da anulação dessa partida, já que era a volta do Robinho ao time (após negociações com o Real Madrid). Esse era um time que poderia disputar o título. Depois perdemos Robinho e Deivid, que foram substituídos por Basílio e Geílson. A qualidade na frente caiu, mas nos mantivemos entre os primeiros. Até hoje, quando vou a Santos, falam desse time. E não entendem por que fui demitido. Na época alegaram que o time oscilava muito e temiam ficar fora da Libertadores. Mas estávamos sempre entre os primeiros, atrás de Corinthians e junto com Inter e Fluminense."

AS VERGONHAS:

1º lugar: Corinthians 7 x 1 Santos, em 2005

Depoimento de Basílio (atualmente no Barueri):

"Foi o pior jogo da minha vida, a pior derrota. Perder de sete num clássico marca negativamente. Já tínhamos vencido o Corinthians por 4 a 2, mas o jogo foi remarcado e depois perdemos (3 a 2), o que revoltou os jogadores. O Santos começou bem o campeonato, com o Gallo no comando. Ele conhecia o elenco e nos apoiava. Depois chegou o Nelsinho Batista, que não fez um bom trabalho. Os jogadores que estavam no Santos desde 2004 não tinham a confiança no treinador, pois foram muitas mudanças no elenco, com algumas dispensas. Perdemos estabilidade. O Santos já estava longe da Libertadores. Por mais que você busque forças, acaba perdendo o foco. E o Corinthians brigava pelo título, tinha um time bem armado, com grandes jogadores. Aproveitou bem as oportunidades na partida. Eu entrei no segundo tempo, no lugar do Luizão, quando já estava 3 a 0 para o Corinthians. Não deu para fazer muita coisa, até porque logo depois tivemos um jogador expulso."

2º lugar: Santos 0 x 5 Flamengo, em 1984:

Depoimento de Pita (atualmente trabalhando na Traffic):

"Montaram um time para conseguir títulos. Conseguimos chegar à final do Brasileiro de 1983 e tínhamos time para conquistar a Libertadores. Mas fizemos duas partidas ruins e atípicas contra o Flamengo. Santos x Flamengo era um confronto equilibrado, com ataques lá e cá, em que não se podia vacilar. O Flamengo tinha um timaço e era quase imbatível no Maracanã, embora tenha havido um pênalti claro em mim que não foi marcado na final do Brasileiro de 1983. Eu me machuquei num jogo contra o América de Cáli na Colômbia e voltei meia-boca para essa partida contra o Flamengo. Tivemos dois jogadores expulsos, mas é porque não é fácil perder de cinco. Nessa hora, o melhor a fazer é tocar a bola. O Santos tinha jogadores experientes e malandros, com um meio-campo forte, em que jogávamos eu, Paulo isidoro e Dema. Esse foi um dos melhores times em que atuei. Naquela época, a Libertadores não tinha essa importância toda, não era televisionada e tinha casos de doping. Era uma guerra. Não era fácil ganhar times estrangeiros lá fora."

3º lugar: São Paulo 6 x 1 Santos, em 1993

Depoimento de Evaristo de Macedo:

"O Santos tinha feito um campeonato muito bom. Era um time competitivo. Se não era tecnicamente muito bom, tinha muita força física e era bem preparado. E compensava as deficiências com muita luta. Dependíamos de outro resultado (Novorizontino x Corinthians), mas, na hora em que começa um jogo, você se esquece do resto. No máximo, pergunta no intervalo como estão os jogos, mas isso nem interfere na sua atuação. Você sabe que de nada vai adiantar se não fizer a sua parte. O resultado contra o São Paulo foi ruim, mas lutamos até o fim. Acho que o árbitro se precipitou ao expulsar o Gallo. Não sei se ele expulsaria, no Morumbi, se o jogador fosse do São Paulo. Isso nos prejudicou. Mas eles tinham um grande time. Santos e São Paulo faziam jogos duros naquela época, sem favoritismo"

4º lugar: Santos 0 x 6 Palmeiras, em 1996

Depoimento de Jamelli:

"Lembro desse jogo, porque eu e Narciso estávamos voltando ao Santos depois de dois meses fora, jogando pelo Pré-Olímpico com a seleção brasileira. O time estava cheio de desfalques. Muitos não jogariam por lesão, e outros por suspensão. Não havia ninguém no time, apenas eu, Gallo e Giovanni. E o Palmeiras tinha um timaço. Não tinha o que fazer, eles atropelaram. Foi um dos jogos em que eu mais me senti impotente, porque o time estava com muitos desfalques, com mudança de treinador e enfrentando uma máquina. Naquela época, de cada dez jogos na Vila, o Santos ganhava sete, empatava dois e perdia um. Era o nosso alçapão. Mas levamos três gols cedo, num deles de bola parada, o que desestruturou o nosso time. Essa pode ter sido a maior goleada sofrida na minha carreira. O ambiente naquele Santos era excelente, éramos como uma família."

5º lugar: Santos 0 x 1 CSA, em 2009

Depoimento de Vágner Mancini (atualmente no Vitória):

"Tivemos jogo no sábado pelo Paulistão, nos reapresentamos na segunda-feira e voltaríamos a jogar na quarta. Eu tinha que treinar primeiro para o jogo contra o CSA, mesmo porque até a bola era diferente. Apenas na quinta-feira é que treinaríamos em função do Corinthians (para a final do Paulistão). Montei o time das divisões de base como o CSA, para funcionar como um sparring. No jogo, os atletas não conseguiram tirar o foco da final. Não é a primeira vez que isso acontece no futebol, nem será a última. Você só pode ter alto rendimento se está totalmente concentrado. Se acontecesse uma próxima vez, eu tiraria o time que vai jogar na partida seguinte. Os reservas do Santos não teriam condição de ganhar do CSA na Vila? O que é melhor: um time B focado ou um time A sem foco? Nem levei em conta a eliminação do Botafogo (que estava no mesmo lado da chave) na hora de escalar, porque a vitória sobre o CSA era algo que deveria acontecer. O resultado não veio por fatalidade, pois perdemos uns dez gols inacreditáveis. Por mais importante que seja a Copa do Brasil, estávamos no meio de uma decisão do Paulista, contra o nosso maior rival. Não acho que a derrota para o CSA tenha interferido na final, porque o que decidiu foi a genialidade de um atleta. Ronaldo fez a diferença"


Busca de notícias      

Todos direitos reservados 2024 - Desenvolvido pela Williarts Internet