Na foto da capa da matéria esta a Portuguesa, Campeã Varzeana de 1974
A foto do texto traz o então exímio batedor de faltas, Garrincha, que em 1974 atuou pela equipe de Os Periquitos.
Euripinho supera Garrincha e Sílvio Jói que "duelam" pela artilharia até a última rodada do varzeano de 1974
No debate do embate de artilheiros da história da várzea barretense,
Capitão Carlos sugere que há "pega no pé" do avante Alex Leite
Por: Patrício Augusto dos Santos Reis
Outro dia, o Major Carlos Antônio Alves da Silva, que prefere ser chamado por "Capitão Carlos", por uma questão de marketing, nos abordou sendo enfático que estaríamos "pegando no pé" do craque Alex Leite, da ADPM, que assinalou 47 gols na temporada, pelo Campeonato Amador Varzeano. Soa-me como uma forma de pressão do comandante em minha cabeça. Saiba que jamais vou mudar minha forma de trabalhar e emitir opinião. E, depois, não estamos mais nos tempos dos anos de chumbo.
O dito "pega no pé" não tem nada a ver, pois até admiro e sou fã do futebol do jogador, que tem um potente faro de gol, sabe de posicionar, desloca-se com rapidez e deixa as defesas adversárias a ver navios. Prova disso são os seus gols feitos com todo mérito. Vejo-o tanto como grande jogador, que gostaria de tê-lo neste ano fazendo gols pelo Barretos Esporte Clube, no Campeonato Paulista da Quarta Divisão.
Tenho plena convicção, que se isto tivesse ocorrido, não teríamos problemas com a contratação do Cristiano e seu mal fadado cartão amarelo. O ex-jogador do Guariba não precisaria ser contratado, e por conseqüência não daria no que deu para o Touro do Vale, com a torcida lamentando até agora a eliminação na competição. Cheguei inclusive, a pedir a liberação do jogador para o Capitão.
Portanto, jamais estou pegando no pé do atacante Alex Leite, da ADPM, como sugere o comandante, imputando isto sobre as pessoas ligadas ao futebol. "Olha o pessoal está falando ai, comentando" (sic), disse. Quando redigi a matéria sobre a reclamação do ex-jogador Tião Galo, que afirma ser o legítimo maior artilheiro da história da várzea, estava, como agora, exercendo meu papel de cidadão, esportista e de jornalista.
Se o fato chega ao meu conhecimento, como aconteceu em 95, quando Euripinho se aproximava de Garrincha e Sílvio Jói, cabe-me como profissional, esclarecer a informação, pois o compromisso é com o leitor. Na matéria recente que encaminhei e foi publicada no site da Liga e no Jornal de Barretos, procurei apenas reportar os fatos de 95, que agora também se repercutem, com marcas igualadas, ultrapassadas e próximas.
Repito, que cabe apenas a direção da Liga, resolver a questão. Reproduzimos depoimentos de 95 e colhemos novos, buscando esclarecer ainda mais. Nem este jornalista ou o colega Mazinho Dias, ou o Olho Clínico, estão aptos a decidir. Só a LBF pode, estabelecendo o critério que entender melhor. Isto, porém, não tira o direito e a liberdade de pensamento de quem quer que seja.
Entendo agora e até um pouco diferente do que vi em 95, pois o pensamento pode ser renovado, que se Tião Galo reivindica ser o maior artilheiro da história da várzea, embora não se encontre nenhum registro – o ano é 58 e Tião teria feito 59 gols, deve enviar um ofício para Liga. O mesmo digo para Euripinho, autor de 49 gols em 95 e o próprio Alex Leite, que antevejo adiante, pois tem jogos pela frente e está com um apetite enorme de gols.
EMBATE – A história de artilheiros da várzea barretense é das mais apaixonantes para o torcedor. Em 1974, o duelo entre Garrincha (Os Periquitos) e Sílvio Jói (Portuguesa) foi dos mais empolgantes, pois disputaram o status de o maior, rodada a rodada. A competição terminou somente em 1975 e Waldemar Costa era o presidente da Liga. Mozart José Borges comandava o Departamento de Árbitros, hoje dirigido por Lourival Lemes dos Santos, "Radinho".
O campeonato teve duas fases, sendo a primeira classificatória em duas chaves, saindo a primeira e a segunda colocada de cada chave para as finais (quadrangular decisivo), realizadas no então Estádio Fortaleza, hoje Antônio Gomes Martins – TIO CABEÇA.
Na fase classificatória, antes da rodada do dia 1º de dezembro, os artilheiros tinham 42 gols. Nessa rodada, Sílvio Jói marcou um para a Portuguesa, na vitória de 2 x 1, sobre o Arsenal (equipe extinta), passando a frente de Garrincha, que não marcou 43 x 42. Na rodada do dia 8 de dezembro, o Verdão da 43 foi goleado pelo Frigorífico por 4 x 1, com o gol de honra marcado por Garrincha, um exímio cobrador de faltas e a Portuguesa perdeu para o Bahia (também extinto), por 1 x 0. Assim, os artilheiros ficaram iguais novamente 43 x 43.
No dia 15 de dezembro, a Portuguesa venceu o Flamenguinho (extinto) por 1 x 0, gol de Sílvio Joi, que pulou para 44. Garrincha, entretanto, foi mais feliz, marcando três gols na goleada que sua equipe impôs ao Arsenal por 6 x 1, passando a frente na guerra dos artilheiros 46 x 44. Nas rodadas seguintes, realizadas em 22 e 29 de dezembro, nenhum dos dois marcou e a contagem foi mantida.
FINAIS – Na decisão do título, a disputa ficou entre Frigorífico, São Cristóvão, Portuguesa e Periquitos, equipe que a representação do Magric, campeã em 73, também extinta, alegava estar irregular por ter utilizado o lateral Nena, que teria participado de um campeonato amador regional pela representação de Riolândia. Mas, a reclamação magriquense foi indeferida. Além do título, estava em jogo também a disputa particular de Garrincha (46 gols) e Sílvio Jói (44 gols).
Na primeira rodada das finais, realizada no dia 5 de janeiro, a Portuguesa venceu o Frigorífico por 1 x 0, gol de Sílvio Jói e o São Cristóvão venceu Os Periquitos por 1 x 0. A diferença entre os artilheiros, então diminuiu para um tento (46 x 45).
Na segunda rodada, realizada em 12 de janeiro, a Portuguesa venceu Os Periquitos por 3 x 2. Garrincha não marcou nenhum tento e Sílvio Jói fez um dos gols da chamada "Tamancuda Barretense", como diz o colega Carlos Domaraski. Assim, os artilheiros estavam iguais novamente (46 x 46). Na última rodada, realizada em 19 de janeiro, o Verdão da 43, já sem chances de conquistar o campeonato, perdeu mais uma, sendo derrotado pelo Frigorífico por 2 x 0 e a Portuguesa empatou com o São Cristóvão em 1 x 1, com Dagô marcando para a Lusa.
Com os resultados (duas vitórias e um empate) no quadrangular, a Portuguesa foi campeã com cinco pontos ganhos, o Frigorífico vice, com quatro; o São Cristóvão, terceiro com três e Os Periquitos, em quarto, sem nenhum ponto. Garrincha e Sílvio Jói terminaram iguais com 46 gols. O jogador de Os Periquitos foi eleito Goleador Mor e o da Portuguesa o Craque do Ano/74.
A descrição acima é inconteste, bem como os 49 gols de Euripinho, feitos pelo Verdão da 43, em 95. Mas, a cronologia de gols do ex-jogador, que é vereador na Câmara Municipal, merece outra matéria, que vamos escrever em breve, pois é um fato muito especial, tal como os gols de Alex Leite, que está prestes a iguala-lo e supera-lo. Quem aposta?
PATRÍCIO AUGUSTO DOS SANTOS REIS – , jornalista profissional diplomado, é formado em Comunicação Social pela UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto). É corinthiano, torcedor do extinto São Cristóvão na várzea local e apaixonado pelo BEC. Atuou como radialista esportivo e jornalista em três emissoras locais, na TV Soares Educativa (atual TV Barretos), e foi titular de páginas esportivas no Placar Geral, Correio de Barretos, O Diário, Imparcial e Jornal de Barretos. É funcionário público municipal pela Prefeitura de Barretos, atuando no Departamento de Comunicação Social – antiga Assessoria de Imprensa, desde primeiro de março de 1988
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