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16/10/2009 - Minha história: Leivinha o meu grande idolo na infância

Na foto da capa Wolney posa ao lado de idolo Leivinha em dias atuais



Num dia como outro qualquer, meu pai foi me buscar na escola. No caminho de volta pra casa ele contou que o Palmeiras havia vendido o Leivinha para um time espanhol. Demorei alguns minutos (na verdade muitos) para assimilar aquela informação. Como assim? Por que ele tinha feito isso? Como ele ia abandonar a torcida e principalmente eu para ir jogar lá na Espanha? Que significado teria agora aquele número 8 que eu tinha estampado em todas as minhas camisas de futebol??? Em plena época do "Brasil: ame-o ou deixe-o" ele ia embora? Confesso que minha mente infantil não conseguia compreender nada daquilo. Muito menos aceitar. Não sei dizer se o meu choro era de raiva, tristeza, agonia, desespero ou até mesmo, talvez, uma antevisão dos 16 anos sem títulos que estavam por vir. Apenas sei que chorei muito e magoado.

Nos anos seguintes, a ausência dele era ainda mais forte do que sua presença pois ninguém era capaz de substituí-lo e tive que ver o São Paulo e os são-paulinos crescerem e multiplicarem-se como se Deus houvesse, enfim, resolvido tomar algum partido e, já que era assim, tinha escolhido alguém do seu próprio círculo social!

Os anos continuaram passando, eu segui minha vida, tornei-me adulto. Durante algum tempo acalentei o sonho de trabalhar fora mas lembrei exatamente daquele dia e das sensações que experimentei e muito embora minha torcida, constituída basicamente da minha mulher e duas filhas (uma corintiana!), seja infinitamente menor que a dele, sempre vou gostar muito mais de jogar pra ela do que pra qualquer outra. Afinal, até mesmo quando dou uma bola fora eu sou aplaudido.

Por fim, chegamos ao dia em que a escola de minhas filhas (o mesmo colégio italiano no qual estudei) levou os alunos ao CT do Palmeiras para assistir a um treino e conversar com os jogadores. Obviamente que eu também fui, na condição de alviverde pai zeloso. Logo na entrada do ginásio avistei o César Maluco, amparado por muletas, e fiquei pensando que aquela imagem não combinava com ele. Mas como ele mesmo parecia não ligar muito pra elas, resolvi não ligar também.

Outros antigos jogadores foram aparecendo, os boatos sobre a presença do Ademir da Guia foram ficando mais fortes, mas eu me peguei ali, de repente, procurando ele no meio da multidão. Bem que o Leivinha podia aparecer, né?

Foi então que meu irmão (também na condição de alviverde tio zeloso) me cutucou e disse, assim como quem não queria nada: "aquele lá não é o Leivinha?". Voltei meus olhos para a direção em que ele apontava e vi o antigo camisa 8. De repente, comecei a ver todos os seus gols e as minhas comemorações, vi a minha infância revisitada, vi o dia em que chorei por ele ter ido embora e, para minha surpresa e desconforto, quase me pego chorando de novo. O engraçado é que não havia nenhuma mágoa, apenas admiração.

Aquele homem que estava ali na minha frente tinha protagonizado momentos importantes de minha infância e jamais saberia disso. Ou melhor, jamais? De jeito nenhum! Eu iria agora mesmo dar um abraço nele e tirar uma foto. E foi exatamente o que fiz. Fui até ele, me apresentei e disse que queria muito tirar uma foto com ele. Foto batida, história contada, dever cumprido. Enquanto isso, minhas filhas corriam atrás do Valdívia que pode até ser um bom jogador, mas pra quem já viu Leivinha não tem a menor graça, né?

Assim termina a minha história, ou melhor, o meu email, porque a história, na verdade, não termina nunca.


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