'O Bahia não se tornou profissional', diz Douglas, ídolo da torcida em 70
Eduardo Rocha | Redação CORREIO
Douglas, 211 gols - talento em estado puro. Palavra de ídolo é lei: "O Bahia não se tornou profissional. Primeiro, ficou atrás de um banco. E tem sempre uma pessoa só à frente do clube". Da parceria com o Opportunity, restaram a dívida e o arranhão na imagem. O responsável pelas decisões, este ano, foi Paulo Carneiro."Nada contra ele, mas como gestor, um fracasso! Não teve planejamento. Contratou mais de 40 jogadores, quatro técnicos, aceitou um monte de indicação de empresários..."
O Bahia parou no tempo. Não naqueles anos dourados de Douglas, na década de 1970. Muito menos em 19 de fevereiro de 1989, quando se sagrou bicampeão nacional. Talvez no pós-título. Perdeu a oportunidade de seguir a tendência da bola moderna e se profissionalizar. Continua amador, agora sem o talento de outros dias. "O clube não evoluiu no modelo", decreta Douglas.
A essência da bola moderna não está mais restrita ao talento puro do craque. O futebol atual exige disciplina, planejamento, organização e estrutura. E como qualquer empreendimento de sucesso, demanda gestão profissional.
Brunoro
"É trazer a gestão empresarial pra dentro do esporte", ensina José Carlos Brunoro, diretor de futebol do Grupo Pão de Açúcar e professor do curso de gestão esportiva da Faculdade Trevisan. O trabalho ganhou reconhecimento na gerência da co-gestão Palmeiras/Parmalat, ainda na década de 1990. "Os setores financeiro, técnico e de marketing devem ser geridos profissionalmente, e os profissionais cobrados como numa empresa".
Só há um componente peculiar: "O futebol lida com a emoção". Brunoro e sua equipe vão prestar consultoria à Ponte Preta, a fim de profissionalizar o clube. O trabalho começa com um diagnóstico administrativo- financeiro que será a base do planejamento.
Lição
A primeira dica ao Bahia vem agora. "Gestor não pode ser um só. Saber trabalhar em equipe é fundamental". Uma das críticas ao projeto tricolor na temporada foi a centralização depoderes nas mãos de Paulo Carneiro. O presidente Marcelo Guimarães Filho foi procurado pela reportagem, mas estava envolvido com a agenda da ministra Dilma Rousseff em Salvador.
Então vai outra dica: não vale reclamar do orçamento restrito. "Tem que saber que há uma realidade e trabalhar dentro dela. Se você tem dez e o outro tem 100, é preciso apostar em outras coisas, como equipe de observação e grupo", diz Brunoro.
(Notícia publicada na edição impressa do dia 09/10/2009 do CORREIO)
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