Com os mesmos 40 times do ano passado, o Campeonato Brasileiro de 1974 teve um regulamento no mínimo estranho. Classificaram-se para a Segunda Fase as 22 melhores equipes. Até aí, nenhum problema. A questão é que mais dois clubes (Fluminense e Nacional-AM) também obtiveram vaga por "índice de renda". As melhores campanhas foram de Grêmio, Flamengo, América-RJ e Atlético-MG.
Na Segunda Fase, as equipes foram divididas em quatro grupos, onde somente um time se classificaria. No 1, o Cruzeiro fez uma campanha perfeita: cinco vitórias em cinco jogos. Palmeiras, atual bicampeão, e Flamengo, não tiveram chances. No Grupo 2, o Vasco, que terminou na sétima posição na sua chave na Primeira Fase, surpreendeu e ficou com a vaga. No 3, o Santos superou o favoritismo do Grêmio e no D, o Internacional mostrou sua enorme tradição no torneio e foi à fase semifinal.
O Vasco estreou bem na fase semifinal, batendo o Santos por 2 a 1, no Rio. Cruzeiro e Inter ficaram no 1 a 1. Depois, os gaúchos vieram ao Rio e arrancaram um empate do Vasco por 2 a 2. Mas, com a derrota para o Santos por 2 a 1, ficaram de fora. O Vasco empatou com o Cruzeiro e garantiu vaga na finalíssima. No último jogo, o time mineiro venceu, fora de casa, o Santos por 3 a 1, e também obteve classificação para a final.
O regulamento era claro. O time de melhor campanha ao longo da competição deveria jogar a final em casa. Como o Cruzeiro tinha 38 pontos e o Vasco 34, a decisão seria no Mineirão, certo? Errado, dirigentes vascaínos pediram à CBD a interdição do estádio, porque um cartola (Cármine Furletti) e o técnico Ílton Chaves invadiram o gramado no jogo entre as equipes na fase semifinal para agredir o árbitro Sebastião Rufino, que não deu um pênalti claro no atacante Palhinha, e o mando de campo foi invertido.
Antes do início da partida, o folclórico massagista Pai Santana determinou que os cruzmaltinos só deveriam entrar em campo depois dos adversários. Como os dirigentes mineiros temiam que os jogadores ficassem perturbados com as vaias das quase 113 mil pessoas que foram ao Maracanã, eles também não permitiram a entrada dos atletas. Conclusão: o jogo começou com quase uma hora de atraso.
Logo aos 14 minutos, Ademir abriu o placar para o Vasco. O lateral-direito Nelinho, com um forte chute, empatou aos 19. Aos 33 do segundo tempo, quando o jogo esfriava, Jorginho Carvoeiro, que morreu meses depois, disputou com garra uma jogada com o goleiro Vítor e deu a vantagem aos cariocas. Aos 45 minutos, Zé Carlos marcou um gol legítimo para o Cruzeiro, mas o polêmico árbitro Armando Marques resolveu anular inexplicavelmente. Não havia tempo para mais nada, o Vasco era o primeiro time carioca a vencer o Campeonato Nacional.
O time liderado pelo experiente arqueiro Andrada, tinha uma zaga sólida, composta por Miguel e o "xerife" Moisés. Alcir Portela, Zanata e Ademir combatiam e armavam com eficácia e no ataque, o jovem Roberto Dinamite e Jorginho Carvoeiro davam conta do recado. Todos muito bem orientados pelo técnico Mário Travaglini.
CAMPEÃO: VASCO
CAMPANHA
28 jogos
12 vitórias
12 empates
4 derrotas
33 gols pró
18 gols contra
ARTILHEIRO: Roberto Dinamite - Vasco (16 gols)
TIME-BASE: Andrada; Fídelis, Miguel, Moisés e Alfinete; Alcir, Zanata e Ademir; Jorginho Carvoeiro, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Técnico: Mario Travaglini.
PRIMEIRA FASE
Vasco 2x0 Coritiba
Desportiva 0x0 Vasco
Vasco 1x1 Flamengo
Remo 1x2 Vasco
Paysandu 0x0 Vasco
Botafogo 0x0 Vasco
Vasco 0x0 Bahia
Vitória 0x0 Vasco
Vasco 1x2 Fluminense
América/RN 2x3 Vasco
Itabaiana 0x3 Vasco
Vasco 1x1 Olaria
Tiradentes 0x1 Vasco
Sampaio Corrêa 2x0 Vasco
América/RJ 1x0 Vasco
Vasco 1x0 Avaí
Grêmio 1x0 Vasco
Atlético/PR 1x1 Vasco
Vasco 3 x 1 Internacional
FASE SEMIFINAL
Nacional/AM 0x0 Vasco
Atlético/MG 0x2 Vasco
Vasco 2x0 Corinthians
Vasco 0x0 Vitória
Operário/MS 0x3 Vasco
FASE FINAL
Vasco 2x1 Santos
Vasco 2x2 Internacional
Cruzeiro 1x1 Vasco
FINAL
Vasco 2 x 1 Cruzeiro
COLOCAÇÃO FINAL: 1. VASCO, 2.Cruzeiro, 3. Santos, 4. Internacional, 5. Grêmio, 6. Flamengo, 7. Atlético-MG, 8. Vitória, 9.Atlético-PR, 10. São Paulo, 11. Palmeiras, 12. Guarani, 13. América-RJ, 14. Náutico, 15. Corinthians, 16. Fortaleza, 17. Operário, 18. Portuguesa, 19. Coritiba, 20. Bahia, 21. Goiás, 22. Paysandu, 23. Nacional, 24. Fluminense, 25. Tiradentes, 26. Rio Negro, 27. Sport, 28. Olaria, 29. Remo, 30. América-MG, 31. Ceará, 32. América-RN, 33. Botafogo, 34. Desportiva, 35. Santa Cruz, 36. Sampaio Correa, 37. CEUB, 38. Itabaiana, 39. Avaí, 40. CSA
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