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27/08/2009 - Entrevista com Betão: "Consegui me adaptar rápido a Ucrânia"

A Ucrânia se tornou uma das novas e mais atrativas rotas dos futebolistas brasileiros. É inegável que o recente sucesso dos clubes ucranianos em competições européias deve-se – e muito! – ao talento oriundo do país pentacampeão do mundo. Um dos principais destaques é o zagueiro Betão, ex-Corinthians, que logo na sua temporada de estréia (2008/09) faturou dois troféus pelo Dynamo de Kiev; o Campeonato nacional e a Supercopa. Neste bate-papo, o paulista de 25 anos analisa seu primeiro ano fora do Brasil, fala dos bastidores do clube mais vitorioso e popular da Ucrânia, além da possibilidade de um dia voltar ao Corinthians. "Eu nunca digo nunca.." disse.



Como avalia o seu primeiro ano no futebol ucraniano?

Muito proveitoso porque não é fácil para um jogador brasileiro já chegar e jogar, e eu consegui pular rapidamente essa etapa da adaptação. Além disso, disputar uma Champions League, que foi um sonho, e chegar a uma semifinal de Copa Uefa também foi gratificante. Isso sem falar dos troféus da Liga e Supercopa ucraniana. Está correndo tudo muito bem.


A Liga Ucraniana tem uma disputa muito restrita entre o seu Dynamo de Kiev e o Shakhtar Donetsk, que tem uma legião de brasileiros de enorme qualidade. É possível encontrar potencial em alguma outra equipe?

Tem bons times como o Metalist Kharkiv, que foi bem na última Copa Uefa (chegou às oitavas-de-final em 2008/09), mas a diferença ainda é grande em relação ao nosso time e o Shakhtar, que são sempre os dois principais favoritos ao título. O segredo para ganhar o campeonato aqui é não perder pontos para os clubes pequenos.


É óbvio que Dynamo e Shakhtar é o principal clássico, mas como é o confronto com o Arsenal, aí da cidade de Kiev?

Com o Arsenal eu vejo mais como uma amizade. Eles utilizam o nosso estádio e contam sempre com alguns jogadores que o Dynamo empresta. A rivalidade é mesmo somente entre nós e o Shakhtar.
Você está tendo a oportunidade de trabalhar com dois dos principais treinadores da escola russa; primeiro Yuri Semin em 2008/09 e agora com Valery Gazzayev, que assumiu o comando recentemente. Quais as diferenças entre eles?

O Gazzayev, que é o atual, é mais enérgico, cobra mais dos jogadores, inclusive nos treinos. É um cara que tem muito conhecimento tático, participa mais dos jogos, ‘joga com o time’, já o Semin, apesar de também ser exigente, era menos enérgico.


A relação com os jogadores ucranianos é cercada de desconfiança?

Ciúmes existem, eles se sentem enciumados porque o estrangeiro chega para jogar e ganhando mais, eu até entendo o lado deles, mas nada que cause problemas de relacionamento.


Além dos brasileiros da equipe - você, Corrêa, Guilherme e agora o Leandro Almeida – quais são suas principais amizades no plantel?

Com os africanos (Diakhaté, zagueiro senegalês, e os nigerianos Yussuf, meio-campista, e Frank Temile, atacante). Eles são pessoas alegres, se sentem mais a vontade conosco.
Por falar em africano, o atacante Ismael Bangoura, do Guiné, foi a grande referência ofensiva do Dynamo nos últimos dois anos e agora voltou a França para jogar no Rennes. Ele está fazendo falta?

Ele tem um estilo mais centralizado, a chegada do Guilherme (ex-Cruzeiro) foi uma sombra muito grande para o Bangoura, que é um jogador que sempre tentava uma jogada diferente, mais individual. Foi um dos meus grandes amigos aqui, estávamos sempre em contato.


O maior ícone do Dynamo de Kiev é o falecido treinador Valery Lobanovsky, que desde a antiga União Soviética sempre foi idolatrado na região. Ainda fala-se muito dele por aí?

Sim, inclusive colocaram o nome do nosso estádio de Valery Lobanovsky para homenageá-lo. Eles tem muito respeito pela história e a carreira que ele construiu por aqui. Volta e meia tem documentário sobre ele na TV...
O atacante Artem Milevsky é o novo capitão do Dynamo de Kiev. Assim como outros nomes como Melashchenko e Verpakovski, ele foi um projeto frustrado de "novo Shevchenko". Parece que estão dando uma moral pra reerguê-lo dando-lhe a camisa 10 e a braçadeira de capitão. Que tipo de líder ele é?

Ele foi eleito capitão depois da chegada do novo técnico. É um cara que está aprendendo ainda, veio da base e tem um histórico não muito agradável aqui, mas está aprendendo e tentando ser carismático.


Ele teve durante anos uma sombra grande que foi o centroavante Matsim Shatskikh.

Sim, ele fez muitos gols aqui logo depois da geração do Shevchenko e do Rebrov, mas até pela idade vinha jogando mais com a experiência do que com a velocidade.


Você foi uma das poucas amizades que o Carlitos Tévez fez aqui no futebol brasileiro. Você mantém contato com ele?

Tem uns dois meses que não falo com ele, tentamos marcar pra conversarmos nessas férias, mas ele teve de resolver a situação contratual com o novo clube dele, o Manchester City. Conheci os familiares dele na Argentina, gente simples e humilde. Fizemos uma grande amizade.
Você ainda pretende retornar ao Corinthians, clube pelo qual você é identificado?

Cara, eu aprendi muita coisa no futebol, eu nunca digo nunca, o mundo do futebol dá voltas e ás vezes te deixa meio que rendido. Se um dia eu voltar, será um prazer imenso, senão, sigo minha carreira...



A FICHA DO BETÃO

Nome: Ebert William Amâncio "Betão"

Data de Nascimento: 11 de novembro de 1983, em São Paulo/SP

Clubes: Corinthians (2001 á 2007), Santos (2008) e Dynamo de Kiev/UCR (desde 2008)


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