Ferroviária de 1983, que realizou uma campanha brilhante na Taça de Ouro
Pinheirense, Dorival Júnior, Vica, Marinho Paranaense, Abela e Divino e o fisicultor Tadeu
Claudinho, Douglas Onça, Marcão, Zé Roberto e Bozó ( O repórter mala é o Tadeu Alves)
O futebol brasileiro está de luto em razão da morte precoce de um ex-jogador. Foi enterrado neste final de semana, em Recife/PE, o ex-zagueiro Pinheirense, que marcou época nos anos 1970 e 1980 e tinha apenas 54 anos.
Tido como um dos mais violentos jogadores do Brasil, Pinheirense jogou no Náutico/PE, Ferroviária de Araraquara/SP e Botafogo de Ribeirão Preto/SP. No Ituano/SP ele esteve em 1988, no elenco que tinha também Baroninho, Barbiéri e Solito. Vestiu ainda as camisas do Coritiba/PR, Paulista de Jundiaí/SP, Londrina/PR, São Caetano/SP, Lençoense/SP, Lemense/SP e Corinthians de Presidente Prudente/SP, onde encerrou a carreira em 1993.
Fazia alguns anos que Pinheirense estava mal e vivendo em cadeira de rodas em razão de ter sido vítima de tentativa de homicídio efetuada pelo marido de uma ex-namorada no bairro de Pirituba, na capital paulista, há mais de dez anos. Na sexta-feira, Pinheirense morreu em razão de complicações generalizadas.
Nascido na cidade de Pinheiros, no interior do Maranhão e batizado Antenor José Cardoso, Pinheirense nasceu no dia quatro de novembro de 1956 e iria completar 55 anos.
Na Ferroviária, Pinheirense participou de um time forte que tinha como base Abelha; Marinho Paranaense, Vica, Pinheirense e Zé Rubens; Dorival Junior, Sidney e Douglas Onça; Jorginho, Marcão e Bozó. O treinador era Sebastião Lapola e o ano era 1993.
Em 1979 Pinheirense jogou no Náutico que tinha como base Ademar; Carlos Alberto Borges, Dimas, Pinheirense e Clésio; Evaristo, Carlos Alberto Nascimento e Valtinho; Luiz Poiâni, Silvano e Marquinhos. Pepe e Pinheiro foram treinadores de Pinheirense no Náutico
Mais de Pinheirense
Um xerife de respeito
Pinheirense: o zagueiro mais temido dos anos 1980
Quando os atacantes entravam em campo e viam o Pinheirense na zaga, logo arrumavam um jeito de ficar longe da área da área armando as jogadas no meio de campo. "É verdade eles me temiam porque eu chegava junto mesmo", confirmou o zagueiro que defendeu a Ferroviária entre 1982 e 1983, inclusive na brilhante campanha da inesquecível Taça de Ouro de 1983.
Expulso de campo 4 vezes com camisa da Ferroviária e várias vezes nos outros clubes que defendeu, duas delas entraram para a história como destaque pela fato inédito e pela valentia.
Contra o São Paulo, no Morumbi, dia 13 de outubro de 1982, que venceu a Ferroviária por 4 x 1, Pinheirense e Serginho Chulapa foram expulsos aos 2 minutos de jogo. "Nunca tive medo de cara feia, só que o Serginho era mais forte. Eu dei nele, ele revidou e partiu para cima de mim. Eu tive que correr para não apanhar" afirmou rindo do episódio.
Pisando na garganta do Ataliba
A irreverência e valentia do Pinheirense ficaram evidentes naquele Ferroviária 0 x Corinthians 1, em 15 de maio de 1983, na Fonte Luminosa. A Ferroviária buscava o empate, pois perdia por 1 x 0, num chute mascado de Sócrates que Éder não pegou. Ataliba puxou o contra-ataque e Pinheirense, o derrubou. Dulcídio Wanderley Boschillia mostrou o vermelho para o zagueiro, que inconformado e raivoso pisou na garganta do Ataliba que estava caído.. Revolta dos jogadores do Corinthians que partiram para pegar o Pinheirense, que foi salvo pelo médio alvinegro Paulinho, amigo dos tempos de Náutico. Na confusão Mauro e Casagrande foram expulsos.
"Esse zagueiro tem que ser eliminado do futebol, eu vou fazer uma denúncia contra ele no Sindicato dos atletas Profissionais", declarou Casagrande.
No jogo que Pinheirense deixou mais gago o Ataliba, a Ferroviária perdeu com: Éder; Marinho Paranaense, Arouca, Pinheirense e Divino; Sidinei, Douglas Onça e Zé Roberto; Jorginho, Claudinho e Bozó. Técnico: Roberto Brida.
O Corinthians venceu com: Leão; Alfinete, Mauro, Daniel Gonzalez e Wladimir; Paulinho, Sócrates e Zenon; Ataliba (Wagner), Casagrande e Eduardo.
"O Boschillia me expulsou oito vezes; o Godoy , 5 vezes; O Morgado, 4 vezes, o resto eu perdi as contas, mas esses me perseguiam demais", afirma sem nenhuma mágoa Pinheirense.
"Eu batia, mas também saia jogando com a bola dominada. Trabalhei com grandes técnicos, como o Sérgio Clérice, o Bazani. Pepe, Zé Duarte, Roberto Brida" enumera o zagueiro.
Pinheirense, segundo pesquisa de Marcelo Cirino, atuou com a camisa da Ferroviária em 85 jogos. Venceu 26, empatou 27 e perdeu 32. Marcou um gol.
Paraplégico e uma tragédia sem explicações
Vítima da violência. Pinheirense estava paraplégico desde 2000 quando foi baleado pelas costas, em Pirituba, bairro de São Paulo. Assunto que ele prefere deixar quieto sem explicações. "Não tive culpa em nada. Atiraram na pessoa errada", encerrava o assunto.
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