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25/08/2009 - Craques de noventa minutos

Na foto Chico Spina é o o terceiro jogador agachado





O Paysandu bicampeão de 80/81 era formado por: Sérgio Gomes, Sabará, Aldo, Ângelo, Ademilton e Luís Augusto, em pé; e Evandro, Roque, Chico Spina, Edésio e Márcio Fernandes, agachados.




Cocada, Etcheverry, Bujica, Fabiano Souza, Jurandir, Revétria, Basílio, o que esses jogadores de futebol têm em comum? A rigor, são aqueles boleiros chamados de craques de um jogo só. Sabe aquele atleta do seu time do coração que, ao contrário dos grandes nomes entronizados em trajetórias marcantes e em campanhas inesquecíveis, deixaram a sua marca registrada em uma única e escassa partida.

Adianto que naturalmente não me refiro àqueles que tenham resumido a sua gloriosa participação em determinado clube a apenas uma partida — os obscuros e meteóricos. Claro que esses existem (é claro, é claro). Mas me refiro também aos que, necessariamente, têm os seus nomes evocados em alguma mesa de bar ou numa roda de conversa nas arquibancadas da vida.

Essa idéia me veio à mente quando estava assistindo à série Jogos Para Sempre, da Sportv. No turbilhão de reprises do fim de ano, e sem ter muito o que ver na tevê, eu assisti a todas as reprises do emblemático Vasco X Flamengo de 1978, o jogo do gol de cabeça do Rondinelli. Ficou revocando em algum canto até que, olhando em comunidades de futebol na Internet, encontrei um tópico onde se discutia justamente isso. A lista é tão vasta quanto controversa - até porque vai desde gente obscura a grandes vultos da bola.

Como no citado jogo do Rondinelli, o Rei da Raça que, nos 41 minutos do segundo tempo deixou a sentinela da zaga rubro-negra para balançar as redes para matar o Leão em pleno Maracanã. Outro caso clássico é o Basílio, naquele Corínthians e Ponte, no Paulistão de 1977. Outro: o eterno Cocada, que em outro Vasco e Flamengo, entrou no lugar de Vivinho e, suplantando até os oráculos, e faria o gol do bi-carioca, em 1988, para ser expulso logo em seguida...

Um caso recente e menos célebre: o centroavante Souza (artilheiro de 2006 no Goiás, hoje no Flamengo), de apagada passagem pelo Inter de Porto Alegre. Virou ídolo de um jogo só ao fazer os dois gols (num total de três em sua campanha no clube gaúcho) da vitória sobre o XV de Novembro de Campo Bom, dando o Tetra ao colorado e virando até página de livro.

Pelo menos, nesses quatro casos, mesmo que a história dos três tivesse acabado ali, já haviam feito mais do que o suficiente.

Na comunidade Futebol Alternativo, do Orkut, apareceram muitos outros: os dois gols de Etcheverry contra a Seleção; Josimar e seu canhão, na Copa de 1986. Kanu, nas Olimpíadas de Atlanta; Sorato, na final de 1989 contra o São Paulo, Clayson Rato, que empatou Santa Cruz e Sport, e deu o título ao rubro-negro, em 2003; Aílton Boca-de-cinzeiro, na final do Brasileirão de 1996, defendendo o Grêmio; Fabiano Souza, que foi o spalla da goleada de 5X2 imposta pelo Inter no Grenal de 1997; Marcelinho, que estourou no Grêmio dos aspirantes para os titulares, impondo sonora goleada sobre o Serc Chapadão, em 2004 para sumir no São Caetano, um ano depois.

Há ainda os casos dos famosos carrascos do Brasil: o ponta-direita Ghiggia, o fratricida do Maracanazo e Paolo Rossi, o maldito facínora do estádio Sarriá, destruidor de uma geração de torcedores (deixa prá lá...). Ambos de triste lembrança.

Não poderia esquecer de Chico Spina. Quem se lembra dele, a não ser as testemunhas daquela semifinal do Brasileirão de 1979? O Inter ia jogar com o Vasco no Maracanã. Estava chovendo e o Valdomiro estava vinha de lesão de uma desgastante partida contra o Cruzeiro, em Minas: não tinha como jogar. Para piorar, o Falcão, que era o pièce de resistance daquele time, também se lesionou, justamente na semifinal. Aconteceu que o Inter ia entrar em campo com o Chico Spina (ex-Grêmio aspirantes e Cruzeiro de Porto Alegre) com a gloriosa 7 de Valdomiro e o Valdir Lima com a 5. A torcida murchou. Acabava ali o sonho do tri.

Mas eis que brilhou a estrela do Chico Spina, e em duas bolas enfiadas, ele matou o Leão (ele mesmo, eheh) e o Inter levou a vantagem para o Beira-Rio. Lá, o Inter conseguiu fazer 2 X1, mesmo com um frangaço do Benitez. Diz-se, à boca pequena, que havia batuque na história. Mas como (diz-se) o Vasco havia feito o mesmo, ficou o dito pelo não dito.

Outro caso clássico: o volante reserva do Grêmio, Jurandir, naquele Grenal de 1980 que foi escalado apenas para marcar o Falcão. Acredito que a maioria dos torcedores tricolores (principalmente nos da geração anos 90, que se lembram de Arce, Rivarola, Paulo Nunes, Carlos Miguel, Dinho e Goiano) nem sabem do que eu estou falando.

A história foi mais ou menos a seguinte: aconteceu que, naquele jogo, o Falcão simplesmente não viu a cor da bola, o Jurandir anulou o volante colorado, que sofria impiedosa e violenta marcação até para entrar e sair do túnel. O Jair e o Bereta reclamavam: "avança, alemão, toca a bola!!" E o Falcão: não consigo, o Jurandir não deixa! Aí o jogo ficou conhecido pelos antigos como o Grenal do Jurandir. Depois ele entrou em alguns jogos e nunca mais ouvi falar dele. Mas sempre que se fala do marcador gremista é para falar desse clássico. Alguém aí sabe que fim ele levou?



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