Representante da Federação Paulista de Futebol, dois auxiliares e jogadores de América e Ferroviária entram no gramado, observados pelo repórter Roberto Toledo e por uma multidão que lotou as arquibancadas do estádio Mário Alves Mendonça, em 7 de setembro de 1971. No dia seguinte, o goleiro Carlos Alberto (no círculo) morreu afogado. À frente dele está Alfredo Mostarda, do América. O jogador de branco (da Ferroviária) que segura a bandeira brasileira é o zagueiro Fernando
O América disputava o Paulistinha de 1971, torneio seletivo que classificava os melhores para o Paulistão, quando a tabela marcava o confronto com a Ferroviária, de Araraquara, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no dia 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil. Uma grande festa foi preparada para conciliar as comemorações cívicas com o futebol. Para poder proporcionar um espetáculo gratuito, o Movimento Cívico Riopretense (Mocirp) fez um acordo com a diretoria do América. A entidade pagou Cr$ 5 milhões pela carga total de ingressos e os dirigentes abriram os portões do estádio. Mesmo assim, o clube arrecadou mais Cr$ 1,5 milhão com colaborações espontâneas de torcedores na entrada. Esse dinheiro foi suficiente para pagar a taxa de arbitragem do jogo. O público chegou a 10 mil pessoas.
No sábado anterior (4 de setembro), o América havia perdido de 2 a 1 para o Noroeste, em Bauru, e a Ferrinha vinha de empate em 1 a 1 com o Marília, fora de casa.A Ferroviária tinha como principais destaques o centroavante Lance, que depois jogou no Corinthians, e o ponta-esquerda Nei, ídolo do Palmeiras anos mais tarde. Mas quem brilhou no time de Araraquara foi o goleiro Carlos Alberto, com atuação destacada, parando o ataque americano. Logo aos 10 minutos, Milton recebeu de Joãozinho, girou rápido, mas Carlos Alberto mandou para escanteio. Aos 22, o goleiro afeano fez uma defesa arrojada nos pés de Milton, que invadiu a área em velocidade. Num contra-ataque, a Ferroviária marcou o gol da vitória com o ponta-de-lança Ademir concluindo jogada de Nei. Um dia depois do exuberante desempenho, Carlos Alberto foi curtir o dia de folga com amigos numa descontraída pescaria. De repente, o barco virou e o goleiro não sabia nadar. Desesperados, colegas tentaram salvá-lo, mas em vão. A ventania e a correnteza foram mais fortes e levaram Carlos Alberto para o fundo das águas. O corpo dele foi encontrado dois dias depois.
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