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15/04/2009 - Lembra dele? Valdez o craque que deu o titulo ao Esperança no Varzeano

Hoje Valdez é funcionário da CPFL



Por Edwellington Villa
Valdevino Cardoso de Souza, o Valdez, foi um ponta-esquerda hábil e veloz, que entortava os laterais, levava a galera ao delírio e tinha tudo para ser um dos jogadores mais brilhantes da posição. Começou a carreira no Rio Preto, disputou o Paulistão de 1977 pelo Guarani, jogou no Toluca, do México, teve uma curta passagem pela Portuguesa e encerrou a carreira precocemente, aos 27 anos, em razão de uma grave contusão na perna esquerda. Nascido em 15 de agosto de 1953, em Rio Preto, Valdez foi levado para as categorias de base do Jacaré pelo professor Roberto Choeiri, treinador da equipe que conquistou o título do Amador da cidade. Alguns garotos foram promovidos ao profissional para completar o elenco. "Começamos com o Carlos Alberto Silva, depois veio o Rubens Minelli e por fim, ficamos sob o comando do Jacintho Angelone", recorda.

Na conquista do Grupo B do Torneio de Seleções de 1973, quando o Verdão subiu para o Paulistinha, Valdez apenas participava dos coletivos. No início de 1974, Minelli foi para o Inter-RS, Angelone assumiu e o escalou na antepenúltima rodada, no empate de 2 a 2 com a Ponte Preta, no Riopretão. "Entrei meio perdido. Era outra dimensão." Depois de levar algumas broncas dos mais velhos, como Pádua, Tino e Pitanga, Valdez acordou no jogo e teve uma boa atuação. Firmou-se entre os titulares e permaneceu no Jacaré até o final de 1976.

No início do ano seguinte, passou num teste no Guarani e foi contratado por empréstimo de um ano. Começou o Paulistão na reserva. O lendário Ziza, titular da posição, machucou-se e o técnico Paulo Emílio não teve dúvidas. Escalou Valdez na partida contra o XV de Piracicaba, no Brinco de Ouro, no dia 23 de março de 1977. O Bugre venceu por 3 a 1, com um dos gols de Valdez. No domingo seguinte, dia 27, o Guarani ganhou de 3 a 0 do Corinthians, no Pacaembu, e Valdez novamente arrebentou. O lateral Zé Maria não achou o ponteiro bugrino. Foi a estreia de Palhinha no Timão. O resultado provocou a demissão do técnico Duque e a diretoria do Alvinegro contratou Oswaldo Brandão para sucedê-lo.

Comparado a Nei, do Palmeiras, e Edu, do Santos, Valdez voltou a marcar na vitória de 2 a 1 sobre o Noroeste e fez outro nos 2 a 2 com a Portuguesa. Neste jogo, aliás, Ziza já estava recuperado e ficou na reserva. Com o bom desempenho de Valdez, a direção do clube campineiro liberou o ponta-direita Flecha para o Juventude-RS e Ziza foi deslocado para a direita. "Eu nem pensava em chegar ao futebol profissional. E barrar dois caras famosos foi sensacional", afirma.

Valdez estava numa fase tão boa que foi eleito o melhor ponta-esquerda do primeiro turno do Paulistão. A seleção ficou assim constituída: Toinho (São Paulo); Wilson Campos (Botafogo), Amaral (Guarani), Zé Eduardo (Corinthians) e Mineiro (Botafogo); Teodoro (São Paulo) e Ailton Lira (Santos); Edu (Palmeiras), Sócrates (Botafogo), Enéas (Portuguesa) e Valdez (Guarani). O Bugre ia comprá-lo e tinha até 1º de julho para depositar Cr$ 300 mil na conta do Rio Preto. A diretoria campineira perdeu o prazo e tentou concretizar o negócio no dia seguinte, porém, cartolas rio-pretenses exigiram Cr$ 500 mil. Não houve acordo e em dezembro de 1977 Valdez voltou ao Jacaré.

Depois de defender o Guarani, Valdez retornou ao Rio Preto, mas não por muito tempo. O ex-jogador e empresário Carlito Peters o levou para o Toluca, do México. Ao final do empréstimo, em setembro de 1978, os mexicanos queriam adquirir seu passe e o Rio Preto pediu Cr$ 800 mil. "Diretores do Toluca viram aquele monte de zero e pensaram que fosse em dólar", recorda Valdez. "Disseram que aquela quantia seria suficiente para contratar um time inteiro e desistiram. Na verdade faltou comunicação. Ninguém do Rio Preto sabia falar espanhol." Foi a grande frustração de Valdez.

Entre o final de 1978 e julho de 1979, o ponta-esquerda ficou na Portuguesa, comandada pelo técnico Urubatão. "Lá conheci o Carlos Roberto (atual empresário da CR Promoções, parceiro das categorias de base do Mirassol) e ele me convidou para disputar a 2ª Divisão pelo Sãocarlense." Após a passagem pelo time de São Carlos, ele voltou ao Rio Preto. Sofreu uma fratura na ponta do perônio, que afetou o joelho esquerdo. "Eu treinava e o joelho inchava." Mesmo assim ficou até novembro de 1980 no Glorioso.

Valdez só sabia jogar futebol, mas sentia que estava chegando a hora de parar. A transição de futebolista para outra atividade foi impulsionada pelo amigo Luis Fávaro, que o convidou para trabalhar na CPFL. Começou na empresa no dia 1º de dezembro de 1980, como operador de subestação, e hoje ocupa o cargo de técnico sênior. Ele nunca conseguiu largar o futebol e conciliava o trabalho com o Campeonato Amador de Rio Preto. Foi várias vezes campeão pelo Botafogo, da Vila Ercília, entre 1981 e 1993.
Em meio a isso, conquistou o Varzeano de Barretos defendendo as cores do Esperança. Também jogou no Veteranos A do Palestra. Casado desde 1979 com Ercília, Valdez é pai de Abner e Hellen. A família mora no Jardim Canaã, em Rio Preto.


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