Os dirigentes de Palmeiras, Cruzeiro, Santos, Botafogo, Fluminense e Bahia (ganharam 14 títulos) fizeram um dossiê que será enviado pela CBF para ver se ela transforma os torneios nacionais disputados antes de 1971 em campeonatos brasileiros.
Há dois aspectos preponderantes: o da semântica e o do mérito.
Os times citados ganharam os torneios nacionais mais importantes da época.
Os campeonatos nacionais eram menos importantes que os Estaduais e bem mais fáceis e simples que os atuais.
Dependendo de qual, houve, de alguma forma, a participação de times de todas as regiões, mesmo que disputassem entre eles as vagas para os jogos contra equipes de outras regiões.
E os formatos, muitas vezes, permitiam coisas estranhas, como os das Libertadores nos anos 60.
O Santos, para ganhar o título da Taça Brasil em 61, disputou 5 jogos. Em 63, noutra conquista, foram 4, mesmo número de partidas disputadas pelo Palmeiras no título de 1960.
O Palestra, em 67, no bicampeonato, jogou 6 vezes.
Eram brilhantes campeões estaduais temidos e admirados pelos rivais.
A situação é complicada.
Não dá para trazer as emoções daquela época de volta. O futebol era bem diferente.
Também não há como comparar os formatos, dos bons aos péssimos, dos campeonatos brasileiros com o desses torneios nacionais.
A Taça Brasil, por exemplo, foi por anos (leia abaixo), parecidíssima com a Copa do Brasil.
Apesar de ser o torneio nacional mais importante daquele período, se a idéia é " atualizá-la", deveria ser colocada no pacote da Copa do Brasil que também é um título nacional, todavia de importância menor que o principal de hoje, o brasileirão.
Mas reitero, a Taça Brasil era o torneio nacional mais importante da época.
No lugar da CBF, eu não mexeria em nada.
Quem deve fazer isso são os próprios times.
Tal qual o Flamengo, campeão brasileiro de 1987.
O Rubronegro, como o sport, foi realmente campeão naquele ano.
Na hora de apresentarem seus currículos, as equipes devem citar os títulos e colocá-los entre suas grandes conquistas nacionais com as devidas explicações.
E cada um conclui o que achar mais justo, ou no caso, por se tratar de futebol, para muitos, o mais conveniente.
Se conheço um pouco o torcedor, tem gente que já chegou a uma conclusão sem sequer procurar saber as diferenças das Taça Brasil e Robertão para o brasileirão.
Abaixo descrevi detalhes das competições que precederam o atual campeonato brasileiro.
Na prática, é outro post dentro deste.
Quem não reconhece?
Taça Brasil
O primeiro campeonato que, de alguma forma, envolveu times de todas regiões do país foi a Taça Brasil.
Criada em 1959 para indicar o representante brasileiro da Copa Libertadores, inaugurada em 1960, o torneio era regionalizado e disputado por campeões estaduais. Houve 10 edições. As 8 primeiras tiveram apenas partidas eliminatórias. Houve time que ficou até 3 meses sem jogar. Das 10 decisões, 6 aconteceram entre times do sudeste e do nordeste.
Os estaduais, na época, eram mais importantes que a Taça Brasil, tanto é que a maioria dos grandes times brasileiros é considerada grande pelo que fez nos torneios estaduais.
Mesmo assim, quem não reconhece que o maior time da história do futebol brasileiro, talvez do mundo, tenha sido o Santos de Pelé?
Aquele Peixe, pentacampeão da taça Brasil entre 1961 e 1965, é o símbolo dos anos dourados do futebol brasileiro.
Quem nega o espetacular feito do Bahia em 1959?
Na final, o Tricolor Soteropolitano derrotou o mágico Santos por 3×2 na Vila Belmiro, perdeu em Salvador por 2×0, e conseguiu a façanha de vencer o jogo do desempate, em pleno Maracanã, por 3×1.
O futebol era pitoresco na época. O Bahia se classificou para a final depois de eliminar CSA, Ceará e Sport.
Contra os pernambucanos, no confronto que valia a vaga na decisão, venceu a partida de ida por 3×2 e perdeu a de volta por 6×0. Por causa do misticismo, os dirigentes baianos pediram o adiamento de 24 horas do jogo do desempate, marcado para o dia de finados.
Os atletas do Bahia aproveitaram o feriado para descansar. Os do Sport foram a um badalado bar do Recife, onde estava o desconhecido dirigente do Bahia. Ele pagou várias cervejas para os atletas rivais que foram derrotos no dia seguinte por 2×0.
Quem nunca ouviu falar do fantástico Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes?
A Raposa, em 1966, quebrou a sequência de 5 títulos santistas em 2 partidas históricas.
No Mineirão, fez 6×2 no Peixe. Na Vila Belmiro, após sofrer 2 gols em 25 minutos, conseguiu virar. Natal, aos 44 da etapa complementar, marcou o gol da vitória cruzeirense por 3×2 e encerrou o especial capítulo da história daquele inesquecível time.
Quem nega a força do Palmeiras, único time brasileiro ao lado do Botafogo capaz de rivalizar com o Santos de Pelé nos anos 60?
Ademir Da Guia, Dudu, Cesar, Tupanzinho, Zequinha, Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Chinesinho, Julinho Botelho, Humberto Tozzi, Romeiro sempre serão respeitados pelos times exuberante que formaram.
O Alviverde, campeão de 1967, superou o Náutico na decisão. O Palestra ganhou no Recife por 3×1, perdeu em casa por 2×1, e levantou a Taça, no jogo de desempate, ao vencer por 2×0 no Maracanã. Antes, em 1960, derrotara o Fortaleza na final por 3×1 e 8×2.
Quem nega o brilho, a força, arte, brilho e rica história do Botafogo de Nílton Santos, Garrincha e outros craques?
Quando venceu a Taça Brasil, de 1968, diante do Fortaleza, ainda era forte, mas não tanto quanto na maior parte da década. Empatou por 2×2 na capital cearense e marcou 4×0 no Maracanã, com gols de Ferreti, Roberto (2) e Afonsinho.
Naquele ano, tal qual em 1967, os times já priorizavam o Robertão.
Porem o Botafogo continua inesquecível para quem teve o privilégio de vê-lo.
Roberto Gomes de Pedrosa
Foi a continuidade do Torneio Rio-São Paulo e o esboço do brasileirão.
Disputado entre 1967 e 1970, somadas todas as edições, contou com a participação de times de 7 Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Paraná).
As 4 finais aconteceram em quadrangulares.
O Palmeiras é o grande time do Robertão.
Foi o único que participou de todas fases decisivas e tem 2 títulos.
Leão, Dudu, Ademir da Guia, Cesar, Zeca e Eurico são alguns dos grandes nomes do time mais forte na competição nacional daquela época.
O Santos e o Fluminense campeão com Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio (Toninho); Denilson e Didi;Cafuringa, Mickey, Cláudio Garcia e Lula têm seus lugares reservados na história.
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