Nas décadas de 60 e 70, o cenário sulamericano era dominado por times argentinos e uruguaios. A única equipe brasileira a se sagrar campeão da Taça Libertadores fora o Santos de Pelé.
Os representantes do Brasil na Taça de 1976 eram Internacional e Cruzeiro, respectivamente campeçao e vice do campeonato nacional. Os dois se enfrentaram na primeira fase num jogo emocionante em que o Cruzeiro prevaleceu, vingando a derrota no campeonato brasileiro do ano anterior: 5 a 4 para a academia celeste.
Na edição da Libertadores de 1976, cada um dos 10 paises participantes seriam representados por dois clubes: para o Brasil, Internacional e Cruzeiro (campeão e vice do brasileiro do ano anterior).
Os 20 clubes, divididos em 5 grupos, disputariam as 5 vagas para as semifinais, onde se juntariam com o vencedor da edição anterior, o Independiente da Argentina.
Após a fase eliminatória, River, Independiente e Peñarol formaram o primeiro grupo das semifinais, enquanto o Cruzeiro se juntava a LDU e Alianza no segundo grupo.
As semifinais mostraram a força de Cruzeiro e River que fariam uma final digna dos grandes jogos de todos os tempos e o Cruzeiro poderia devolver ao Brasil a taça que faltava desde a última conquista do Santos de Pelé, em 1963.
As finais
O Cruzeiro fez a final contra o River Plate, da Argentina que, assim como o Cruzeiro, nunca havia vencido a Libertadores. Na primeira partida no Mineirão, o time aplicou um show de bola nos argentinos e goleou por 4 a 1. O terceiro gol foi mais um gol antológico daquela brilhante campanha. Joãozinho driblou Comelles e Perfumo e cruzou para Palhinha, que com um leve toque de cabeça pra trás, encontrou Eduardo, que vinha na corrida, fez que ia chutar, mas foi a linha de fundo e com um toque encobriu o goleiro Fillol para Palhinha marcar de cabeça.
Segunda final
Na partida de volta, em Buenos Aires, mesmo jogando melhor, o Cruzeiro acabou sofrendo uma derrota de 2 a 1 graças a arbitragem desastrosa do árbitro uruguaio José Martinez Bazán. Quando a partida seguia empatada em 1 a 1, aos 30 do 2º tempo, o goleiro Raul defendeu chute de JJ Lopez, mas a bola subiu e caiu as suas costas. Vanderlei, Luque e Pedro Gonzáles correram para ela. Luque empurrou Vanderlei que tentava dar uma puxeta e Pedro Gonzáles entrou com bola e tudo para o gol. O árbitro uruguaio validou o gol mesmo com a irregularidade no lance e ainda inventou uma expulsão do atacante Jairzinho. O resultado provocou um empate na decisão e as equipes tiveram que decidir o título numa 3ª partida em campo neutro.
Terceira final
A terceira partida foi disputada em Santiago, no Chile, e Cruzeiro e River fizeram uma das maiores finais da história da Libertadores. Chances de gol surgiram de ambos os lados durante a partida. O Cruzeiro saiu na frente com um gol de pênalti marcado por Nelinho e abriu vantagem de 2 a 0, num golaço de Eduardo, aos 10 do 2º, após grande jogada de Ronaldo. O River diminuiu três minutos depois, numa cobrança de pênalti e aos 17 os argentinos, mais uma vez, ludibriaram a arbitragem. Numa falta, próximo a área do Cruzeiro, os jogadores de ambos os times discutiam a formação da barreira, quando Sabella cobrou rápido para Crespo que, livre na área, recebeu e marcou o gol de empate. Os jogadores do Cruzeiro cercaram o árbitro, que validou o lance cobrado sem a sua autorização. Aos 43 do 2º, o Cruzeiro deu o troco. Palhinha sofreu falta, próximo à área, e quando todos aguardavam a cobrança de Nelinho, o ponta Joãozinho, na malandragem, não esperou a autorização do árbitro, e colocou de curva, no ângulo. Foi o gol do título. Na comemoração, o preparador físico Lacerda chutou a bola pra cima, e levou um soco de Lonardi. O massagista Guido partiu pra cima e revidou. Alonso veio atrás e ambos trocaram socos. Enquanto a polícia separava a briga, a torcida chilena em maioria no estádio e que apoiava o Cruzeiro gritava "Brasil! Brasil! Brasil! Na seqüência o árbitro expulsou Alonso, do River e Ronaldo, do Cruzeiro. O árbitro deu 9 minutos de descontos e o Cruzeiro segurou o resultado tocando a bola. Foi o primeiro título internacional da história do Cruzeiro e que rompeu um tabu de 13 anos que incomodava os clubes brasileiros na Copa Libertadores.
No final da partida os jogadores cruzeirenses se ajoelharam no centro do gramado e rezaram em memória do companheiro Roberto Batata. Nos vestiários, mesmo com o título garantido, o exigente Zezé Moreira não perdeu a oportunidade de demonstrar a sua autoridade e bronqueou com Joãozinho o chamando de moleque e irresponsável. É que o cobrador de faltas do time era Nelinho que, naquele ano, havia se tornado o maior especialista ao superar a marca de 22 gols marcados pelo ídolo Tostão. Em Minas Gerais, a torcida cruzeirense fez um dos maiores carnavais fora de época da história.
Cruzeiro 3 X 2 River Plate
Motivo: 3a Final da Taça Libertadores
Data: 30.07.1976
Local: Santiago do Chile- Estádio Nacional
Juiz: Alberto Martínez (CHI)
Público: 35.182 pagantes (Cr$ 653.331
CRUZEIRO: Raul, Nelinho, Morais, Darci Menezes, Vanderlei, Piazza (Valdo), Zé Carlos, Eduardo, Ronaldo, Palhinha e Joãozinho
Téc.: Zezé Moreira
RIVER PLATE : Landaburu, Comelles, Lonardi, Ártico, Urquiza,
Merlo, Sabella, Alonso, Pedro Gonzalez, Luque e Más (Crespo)
Téc.: Angel Labruna |