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19/01/2009 - Flavio Prado fala sobre radio e futebol

Flávio Prado é jornalista, formado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, tem experiência de 29 anos na área de Jornalismo Esportivo e já cobriu 7 Copas do Mundo de Futebol. Atualmente é o apresentador do programa Mesa Redonda da Tv Gazeta, comentarista na rádio Jovem Pan AM 620 Khz e comanda o programa "No mundo da bola" na mesma emissora, além de lecionar na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.

FNV - Flávio, como ser imparcial na hora de dar uma notícia ao telespectador?

Flávio Prado (FP) - Bom, primeiro é necessário apurar com correção uma entrevista ou informação, porque se não fizer isso, fatalmente você estará sendo tendencioso para um dos lados. A apuração é fundamental para que você possa dar uma entrevista correta, selecionada, limpa.

FNV - Os programas de jornalismo esportivo usam muito do sensacionalismo nas notícias. Isso é uma maneira de segurar a audiência ou é um artefato, um personagem criados pelos apresentadores?

FP - Eu não acho que isso (as notícias) sejam sensacionalistas, porque o apresentador não tem o que usar. Nós (apresentadores) usamos o gol, mostramos o gol. O sensacionalismo tem sido muito mais usado em programas policiais. Em programas esportivos não há como ser sensacionalista, no meu modo de entender.

FNV– Nós vemos casos como o Chico Lang e o Jorge Kajuru, que levantam a voz para colocar a opinião deles, tentando influenciar o telespectador. Isso não seria uma falta de ética para com o telespectador?

FP - Não, é uma maneira do cara fazer o programa. O Chico Lang é um personagem que torce para o Corinthians (ele mesmo assim se define). É uma forma de ele se colocar numa posição mais forte. Mas aí você estaria minimizando a inteligência do telespectador achando que ele é um bobinho, que o apresentador gritou e ele vai ficar quieto. É uma maneira de fazer o programa, eu não vejo dessa forma.

FNV– Como você vê o conflito entre apresentadores de televisão como Kajuru e Milton Neves, de um ficar atacando ao outro no programa. Por que há esses conflitos? Seria pela busca da audiência?

FP - Eu acho uma lástima. Você nunca verá eu atacando ninguém. Se eu tiver algum problema com a pessoa eu vou resolver com ela. O público não tem a ver com a história. E olha que eu me dou bem com ambos. Mas eu lamento que essas coisas cheguem ao público.


FNV– Você o considera o Ronaldinho Gaucho completo?

FP - Ele amadureceu, é um jogador criativo, está jogando num time que atravessava uma fase de crise e ele passou a segurar a onda sozinho. É um jogador que merece respeito. Completo é o Pelé. E aí, o buraco é mais embaixo.

FNV– Por que o jogador brasileiro é menos valorizado que o jogador argentino? O argentino sai do seu clube por um valor mais alto do que é vendido o jogador brasileiro. Qual o motivo?

FP - Eu vejo da seguinte forma. É o perfil, a personalidade do argentino. O argentino é de um caráter diferente. O jogador brasileiro já vai ao exterior pensando em voltar. Normalmente, ele vai para dar uma de malandro, para pegar luvas, ganhar grana e não está preparado para adaptar-se lá fora. Por exemplo, o Romário foi para o mundo árabe e não jogou nenhuma vez, roubou os caras e voltou. O Batistuta está lá, jogando e cumprindo seu contrato, que é de um ano. São exemplos. E o mesmo se aplica aos treinadores. Os treinadores brasileiros não estudam, não sabem falar uma língua estrangeira, não têm uma competência tática bem definida e não conseguem trabalhar no exterior e quem acaba trabalhando é o treinador argentino, que termina por fazer sucesso. Trata-se de uma forma de caráter da diferença de encarar as coisas entre o brasileiro e o argentino.

FNV– Existe apenas profissionalismo entre o jornalista e o atleta ou há espaço para amizade? E até que ponto uma amizade pode influenciar a notícia?

FP - O repórter, por estar sempre em contato com o atleta ou jogador, fica mais passível de desenvolver uma amizade, um maior contato. No meu caso, que sempre trabalhei como apresentador e comentarista, é mais difícil. A amizade pode significar uma fonte importante, mas pode se tornar uma coisa que tolhe seu trabalho. Eu prefiro distância. Em 30 anos de carreira, houve três ou quatro jogadores de quem fui mais amigo, porém, prefiro distância. É necessário que haja um tratamento respeitoso, mas, se possível, evitar aquele apego todo.

FNV– E o que você está achando do Campeonato Brasileiro em que se disputa pela fórmula de pontos corridos?

FP - Até agora não dá para fazer um grande julgamento, mas claro que os times de futebol do Brasil estão muito pobres, os grandes jogadores estão fora do País. Mas a fórmula é perfeita, é ótima. Os times é que têm de mostrar serviço.
FNV– Essa crise por que passa o futebol é culpa dos dirigentes dos clubes ou da situação política e econômica do País?

FP - Não, os clubes foram mal dirigidos, roubados e é inadmissível que um time como o Flamengo, que tem mais de 37 milhões de admiradores, esteja devendo U$ 250 milhões. Ou seja, é roubo mesmo, má gestão, por má-fé ou incompetência. Mas, de qualquer forma, a culpa é dos dirigentes.


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