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20/10/2009 - Sucesso de gols de Alex Leite recoloca em discussão quem é o maior artilheiro


Legendas das fotos:

O Operário de 1958 (.Foto de abertura). Da esquerda para direita, em pé: Vicente Cruz, Zé Otávio Nogueira, Crepe, Lorena, Titô do Bar e Sílvio. Agachados: Zezé, Lazinho, Tião Galo, Boi Velho e Zé Preto.

A Portuguesa de 1958 (Foto do texto). Da esquerda para direita, em pé Tiaçana, Zuza, Pirangi, Pedrão, Valido, Dirceu Braza e Roque Saqueto (técnico); agachados: Celso, Artur, Bismark, Afif e Silvinho






Sucesso de gols de Alex Leite recoloca em discussão quem é o maior artilheiro da história do varzeano

Por: Patrício Augusto dos Santos Reis

O faro de gol do atacante Alex Leite, da ADPM, no futebol varzeano e conseqüente sucesso do jogador na atual temporada (47 gols), recoloca em discussão quem e o maior goleador da história da competição. Em 1995, Euripinho Nabem, então avante de Os Periquitos, se aproximava de Garrincha (Verdão da 43) e Sílvio Jói (Portuguesa), que em 1974 haviam feito 46 gols. Aos olhos dos torcedores, tinham estabelecido o recorde de gols.
Assim também considerávamos, conforme registros nos Jornais da época e informações dos próprios dirigentes da Liga. Até a cronologia de gols de ambos atletas naquele ano é interessante pois, disputaram rodada a rodada o cobiçado troféu.
Pois bem, em 95, Euripinho, atual vereador na Câmara Municipal, ultrapassou os goleadores de 74. No curso da disputa do campeonato, Tião Galo, ex-meia do São Cristóvão, Arsenal, Operário e Corinthians da Onça, entre outros, reclamou que havia feito 59 tentos em 1958, ano em que a Portuguesa foi campeã. Artur Batista (que faleceu em 23 de outubro de 2002) seria o vice artilheiro, com 54.
Para tal fato que nos chamou a atenção, Tião Galo contou-nos em detalhes a sua trajetória de gols naquele ano. Não ficamos restrito ao goleador e fomos pesquisar com incursões junto a dirigentes e atletas daqueles tempos, que confirmaram o que disse Tião Galo. A matéria foi publicada em nossa coluna ZYP.A – Comunicação Popular, no Jornal O Diário e a reproduzimos na íntegra, abaixo, com o título:

Tião Galo conta sua história
de gols. Artur confirma

A marca estabelecida por Garrincha (Os Periquitos) e Sílvio Jói (Portuguesa) no Campeonato Amador Varzeano da temporada de 1974, quando cada um marcou 46 gols, pode não ser realmente a maior.
Durante esta semana, fomos à busca de informações. Tião Galo, defensor do Operário, time dos trabalhadores da construção civil, falou da sua história de gols e sua marca estabelecida em 1958, que foi confirmada pelo craque Artur, defensor da Portuguesa, e também uma testemunha indicada pelo craque Garrincha, que defendeu entre outras, a equipe de Os Periquitos, onde marcou 46 gols em 74 e Minerva. Jogador do Operário, Tião Galo marcou 59 gols e Artur 54. Até alguém provar em contrário, este pode ser de fato o recorde de gols da história do certame.
Fizemos uma série de contatos sobre essas informações e descobrimos que Nilo Santos era o presidente da equipe de Tião Galo. Comerciante estabelecido na Rua 30, Avenidas 37 x 39, Praça São Benedito, proprietário da Casa de Ervas Pai José, Nilo Santos testemunhou os 59 gols de Tião e como chegou a essa marca no final do certame.
Funcionário da empresa Danúbio Azul, onde trabalha no setor de encomendas do Terminal Rodoviário, Sebastião Calochi, torcedor na época, que mais tarde foi diretor do São Cristóvão, também confirma o relato de Tião Galo. Não só pela idoneidade de Tião Galo e Artur, artilheiro e vice em 58, mas a confirmação das testemunhas, concluímos que de fato e de direito, a história é absolutamente verdadeira.
No ano do recorde, a Liga Barretense de Futebol era presidida por Vitaliano Bampa, que fez a entrega da medalha ao artilheiro Tião Galo. A sede era localizada na Rua 20, Avenidas 15 x 17, na região central da Cidade. A disputa particular entre o principal e o vice artilheiro só foi definida na ultima rodada do campeonato. A Portuguesa enfrentava o Vila Nova em seu campo e precisava de um empate. Consta que o Vila vencia por 1 x 0, quando foi marcado um pênalti a favor da "Lusa", que não foi cobrado, levando a decisão para os tribunais. A famosa "tamancuda" foi então declarada campeã.
GOLEADAS - Nessa última rodada, Artur estava a frente de Tião Galo na "briga" dos artilheiros, com oito gols de vantagem (54 a 46 gols). O Operário avisou que a equipe da Portuguesa poderia ser campeã, mas o artilheiro seria um de seus integrantes. O Operário enfrentou o Extra São Bento e Tião Galo marcou 13 gols. Como Artur não marcou nenhum contra o Vila Nova, Tião Galo, que "deitou e rolou" passou a frente do concorrente.
O Extra era a equipe de baixo (segundinho) que funcionava como uma espécie de "sparring" do time principal durante os treinos, que naquela época eram realizados. Para lançar novos jogadores e dar oportunidade ao segundinho, as equipes faziam a inscrição de dois times. Num dos jogos da Lusa, naquele ano do recorde de Tião Galo, Artur também teve também o seu grande dia de "matador" e fez também nove gols contra o Extra São Bento.
Naquele ano, Artur tinha 27 anos e Tião Galo 20, O principal artilheiro estava no começo da carreira e jogava como meia direita, posição onde o atacante atuava bastante avançado. Hoje, quem joga nessa posição é chamado de segundo volante ou volante de contenção, cuja função é marcar, como faz o craque Amaral, do Palmeiras. A marca estabelecida por Tião Galo em 58, é motivo de brincadeira até hoje, para ele e Artur, que sempre dá uma cutucada. "Foi uma tremenda facilidade para o Tião", lembra o bem humorado Artur.
NA MEIA – No ano seguinte em que foi artilheiro, a maior parte dos jogadores do Operário foi defender o Motoristas no Campeonato Regional Amador, onde Tião Galo foi o principal artilheiro com nove gols, sendo convidado em seguida para ingressar no Barretos Esporte Clube, onde jogou durante dois anos. Em 1962 o craque voltou para a várzea, sendo o principal artilheiro da temporada com 29 gols, vestindo a camisa do São Cristóvão, equipe que mais defendeu. Já nos anos 70, Tião Galo passou a jogar na meia de armação, devido a problemas no joelho, abrindo um longo jejum de gols.
Seu último título na várzea foi em 1972, quando foi campeão pelo São Cristóvão, que venceu o Saneamento na final realizada no então Estádio Fortaleza, hoje "Antônio Gomes Martins" – Tio Cabeça, por 1 x 0, gol de Negão, de falta, no segundo tempo da prorrogação. Em 1973, o grande artilheiro foi para o futebol rural, onde foi campeão pelo Corinthians da Onça.


Quatorze anos de depois ...
cabe a Liga decidir

Já se passam praticamente 14 anos da marca estabelecida por Eupiripinho, autor de 49 gols em 1995, quando defendeu Os Periquitos. Ao final da competição, quando a Liga fez a premiação aos melhores do Varzeano daquele ano, fizemos homenagens especiais através de nossa então Coluna, para Sílvio Jói, Garrincha, Euripinho, Artur e Tião Galo.
Com os gols de Alex Leite nesta temporada pela ADPM e o assunto à tona novamente, com novos elementos, fica para ser respondida a pergunta: Quem é de fato e de direito o maior artilheiro da Várzea Barretense? Ao publicar matéria no Site da Liga, informando que Alex Leite estaria próximo ao recorde, considerando apenas os 49 gols de Euripinho, o colega Mazinho Dias foi alertado por nós sobre o relato de Tião Galo, quando me indagou com outra pergunta: onde está escrito que Tião Galo é o maior goleador?
Então, ficamos a pensar, tivemos novas conversas, entrei em contato com Tião Galo e outros esportistas, para buscar uma conclusão da divergência. Com toda sinceridade, é difícil duvidar do goleador dos anos 70, de Artur, de Nilo Castro, de Sebastião Calochi, de Zé Otávio (goleiro do Operário, que entrevistamos nesta semana) e Boi Velho (Operário), também entrevistado agora.
Porém, de fato, numa incursão ao Jornal Correio de Barretos, publicações de 58 e 59, não encontramos nenhuma matéria sobre o Varzeano daquele ano. Nada sobre a artilharia e nada sobre o título da Portuguesa. Fica então, também a indagação: se não há matéria referente ao título da Lusa, ela pode ser considerada campeã. Não há registro jornalistico, então como fica? Há porém, registro de foto com a faixa, isto vale? Por exemplo, sobre o primeiro título da Portuguesa, em 1955, não há registro jornalístico ou foto. O título vale, deve ser considerado? Hoje, por exemplo, não seria muito fácil adaptar uma foto antiga a uma situação, usando o photoshop
Se para a conquista de 55 da Portuguesa vale o testemunho de pessoas do futebol, os 59 gols de Tião Galo e os 54 de Artur, não valem? Cabe a nosso ver, a própria Liga Barretense de Futebol, presidida por Osmir Duarte Peixoto, "Titão", decidir com sua diretoria. Se necessário, inclusive, abrir um "processo de busca" e chegar a uma conclusão.
Nesta tarefa como profissional da comunicação, embora atualmente não sendo titular de nenhuma página esportiva, entendemos que deveríamos alertar o redator da matéria publicada no Site da Liga, que foi reproduzida pelo Jornal de Barretos, sobre este reclamo de Tião Galo e todas incursões que fizemos para elaborar a matéria de 14 anos atrás. Naquela época, Euripinho já retrucava, que se não havia nada registrado, não deveria ser considerado recorde os 59 gols então craque do Operário em 58.
Como a questão se renova, ampliamos a discussão do assunto, agora também com a opinião de pessoas super gabaritadas no assunto historiar fatos. Franco de Britto, jornalista, que criou há cerca de 20 o Jornal Barretos Memórias, aponta que os registros efetivam os fatos e que depoimentos deveriam ser gravados, transcritos e registrados em cartório.
O historiador Bié Machione, ensina que história é o que está escrito e a memória está nas informações das pessoas. Jonas D’Assunção, historiador do futebol barretense, opina que o registro é o que vale, pois o testemunho pode mudar de boca em boca. Para o comentarista Remiro Cachoeira, da Rádio Independente, o registro da informação, seja em jornais ou arquivos da Liga, efetiva o fato. O radialista jogou pela Portuguesa em 58, mas não se recorda de como foi a conquista do título e como terminou o embate dos artilheiros.
De qualquer forma, a Liga efetivando ou não o recorde reclamado por Tião Galo, o jogador, pela sua idoneidade, deve merecer todo respeito como jogador que foi – um verdadeiro Rei da Área e pessoa humana. Como esportista, até hoje freqüenta os campos de futebol locais.


PATRÍCIO AUGUSTO DOS SANTOS REIS – , jornalista profissional diplomado, é formado em Comunicação Social pela UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto). É corinthiano, torcedor do extinto São Cristóvão na várzea local,e apaixonado pelo BEC. Atuou como radialista esportivo e jornalista em três emissoras locais, na TV Soares Educativa (atual TV Barretos), e foi titular de páginas esportivas no Placar Geral, Correio de Barretos, O Diário, Imparcial e Jornal de Barretos. É funcionário público municipal pela Prefeitura de Barretos, atuando no Departamento de Comunicação Social – antiga Assessoria de Imprensa, desde primeiro de março de 1988.


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