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13/08/2009 - O Valor dos Altos Salários no Futebol Brasileiro: Por Luis Vetere

Não é de hoje que se fala e que se ouve, no meio futebolístico, que as transações entre clubes têm beirado os inacreditáveis milhões de dólares e euros, principalmente no mercado internacional, onde o Brasil, pentacampeão mundial, é um reles fornecedor. Em se tratando do mercado interno, volta e meia escuta-se que fulano vai receber tanto em um clube, que beltrano ganhará outro tanto de direitos de imagem em um outro clube e que sicrano acaba de entrar na justiça do trabalho por não ter recebido seu salário. Verdade seja dita, isso ocorre a algum tempo no combalido futebol brasileiro.

Em um país onde a esmagadora maioria da população se daria satisfeita por receber de três a quatro salários mínimos mensais, chega a ser bizarro definir como baixos rendimentos R$ 5 mil, R$ 15 mil, R$ 30 mil. De jogadores à imprensa, passando por técnicos, empresários e dirigentes, cada um tem na ponta da língua uma razão para explicar ou justificar cifras astronômicas.

Em um breve e pequeno levantamento, nós do "Dupla Esportiva", buscamos alguns salários estratosféricos e contratos milionários, em um passado não tão distante. Alguém sabe quanto ganhava Petkovic quando defendia o Flamengo? R$ 466 mil mensais! E quanto recebia Luizão, em sua passagem pelo Corinthians? R$ 300 mil ao mês! Zinho, no Grêmio, ganhava R$ 100 mil! Euller, no Vasco, R$ 110 mil! E por aí vai...

Há um visível desaquecimento no mercado do futebol, muito em vista da crise econômica mundial. Todavia, salários como os citados acima ainda são comuns no nosso futebol. E, ainda assim, as riquezas proporcionadas não são poucas; seja com cotas de televisão, direitos de imagem dos clubes, patrocínio ou premiações em competições, a quantia que entra nos cofres dos clubes gera enorme receita. Então porque os clubes continuam nesse interminável atoleiro? Vamos usar um exemplo, apenas um: Romário é credor de Vasco, Flamengo e Fluminense. Juntos, os 3 clubes devem ao Baixinho inacreditáveis R$ 27 milhões. Os compromissos de Fla e Vasco com o ex-jogador vão até – pasmem! – 2016 e 2019. Leram? Eu disse ex-jogador. Como sair desse lamaçal?

JÁ OUVIU FALAR EM TETO SALARIAL?

Nos bastidores, há rumores de que diversos clubes brasileiros, juntamente com o Clube dos 13, vêm cogitando a implantação de um teto salarial para os salários pagos no Brasil. Tal discussão será colocada em pauta na próxima reunião do Clube dos 13 e, embora engatinhando, é uma idéia no mínimo interessante e ousada. Antes de qualquer opinião sobre o exposto, podemos averiguar que se trata de um tema desde já polêmico. Alguns pontos relevantes mostramos a seguir:

1. O teto salarial seria baseado na realidade de quais clubes? Qual seria o parâmetro? Cada clube tem sua realidade; o Internacional tem uma realidade, o Botafogo outra, o Central de Caruaru outra e por aí segue. Imposto um teto ao nível do São Paulo, por exemplo, nada muda, pelo menos a pequeno prazo, para a maioria dos clubes brasileiros. Se o teto for único, um clube com dinheiro em caixa pode ser forçado a economizar, deixando de fazer contratações mais audaciosas. O teto igual para todos garante competitividade; o teto individual garante o respeito às receitas e à realidade de cada clube.

2. O teto se resumiria apenas ao salário ou incluiria também os direitos de imagem e transferências? Vale lembrar que atualmente o direito de imagem tem enorme peso e, muitas vezes, são a fatia mais gorda de dívidas estrondosas. Não apenas os salários fazem sangrar os clubes brasileiros, mas também as enormes multas rescisórias, luvas e valores de transferências de jogadores.

3. Com um teto estabelecido, que tipo de punições sofreriam aqueles que o desrespeitassem? Em um país onde a maioria dos clubes beira a bancarrota, não se transformaram em empresas e acumulam dívidas absurdas, não há porque fazer leis que não serão cumpridas. Quem vai fiscalizar? Como vai fiscalizar? Quem vai punir e como? Em um futebol onde há lavagem de dinheiro, cartolas fora-da-lei, crimes contra o patrimônio e afins, é difícil acreditar que haverá punição no caso de desrespeito ao teto imposto.

4. O teto geraria competitividade ou nivelaria os clubes por baixo? Será que um limite salarial imposto nos levaria a melhorias nas competições nacionais, tornando-as mais acirradas, aproximando os grandes clubes aos, digamos, médios? Ou teríamos apenas um nivelamento por baixo (como na verdade já estamos habituados no futebol brasileiro), sem qualquer competitividade externa?

Como escrito antes, a idéia é, mo mínimo, ousada e interessante. Até hoje os clubes falham nas mais diversas tentativas de se tornarem empresas, de gerir sua folha de pagamento e de administrar e pagar suas dívidas. Raríssimos são os clubes com perspectivas de crescimento, não endividados, "limpos". Em uma era onde o amadorismo ainda impera, o teto salarial seria uma grande ferramenta capaz de coibir rompantes de grandeza, atos e medidas irresponsáveis e gastos descontrolados tão comuns no nosso futebol.




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