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11/03/2009 - Histórias reais do maior jogador de futebol de todos os tempos

Édson Arantes do Nascimento (Três Corações, MG - 23/10/1940) Quem anuncia um novo Pelé a cada jovem de grande talento que aparece no futebol, certamente não viu o Pelé original jogar. Só por ignorância pode-se querer comparar alguém com um craque que armava, cabeceava, chutava com as duas pernas, abria espaços, lançava, driblava, comandava, enfim, era completo e, em todas essas funções, perfeito. Basta lembrar o que o Rei fez em Copas.

Logo na sua estréia, em 58 na Suécia, entrou para a história como um pirralho campeão de apenas 17 anos. Não fez fama pela idade e, sim pelos gols (de cabeça, dando chapéu, com dribles humilhantes). Em 62, chegou a marcar um gol, mas teve que abandonar a competição, contundido. Quatro anos depois, foi caçado em campo e, debaixo de porradas, não conseguiu jogar. Veio a Copa do México e ali, ninguém brilhou tanto como Pelé. Fez golaços, jogadas maravilhosas (como aquele "quase gol" do meio-campo contra a Tchecoslováquia) e aos 30 anos, mostrou que a decadência é coisa para simples mortais.

Pelé foi onze vezes artilheiro paulista (57-58-59-60-61-62-63-64-65-69 e 73) e recordista de gols em um único campeonato (58 em 1958). Ganhou onze títulos nacionais, cinco brasileiros (Taça Brasil), dois Mundiais Interclubes e duas Libertadores (62-63). É o único jogador a conquistar três títulos mundiais (58-62 e 70). Marcou um total de 1279 gols e foi eleito o atleta do século, em 1980, por jornalistas do mundo inteiro. É possível compará-lo com alguém ?


Histórias Reais:


Gasolina e o Santos


Com apenas quinze anos, Dico (apelido de infância do Rei) chegou ao Santos. O time tinha sido campeão paulista no ano anterior e só tinha cobras no elenco: Zito, Del vechio, Pépe, Jair da Rosa Pinto, Pagão, entre outros. Indicado como craque, despertou a curiosidade do diretores do time da baixada, que queriam ver o que aquele garorto sabia fazer. No teste, recebeu massagens na perna pela primeira vez e foi colocado no time reserva pelo técnico Lula. No primeiro lance, ele já mostrou o que podia. Nas palavras do craque: "O Zito perdeu uma bola para o Pagão, que passou para mim. Eu poderia tentar o drible no Ramiro (zagueiro) e partir para o gol. Mas preocupado em não errar, devolvi para o Pagão, que driblou o Ramiro e fez o gol". No final do treino, o técnico Lula elogiou: "Pelé é bom, vamos segurá-lo".

Outro que gostou do recém chegado foi Jair da Rosa Pinto, que na saída do treino deu um tapinha nas costas de Pelé e falou: "Você tem pinta". Aprovado nos testes, o garoto passou a treinar com os juvenis e ainda ajudava nos profissionais. Um jogador, Wilson, impressionado com a forma e a velocidade do menino, passou a chamá-lo de Gasolina. O garoto ouvia "Vai gasolina" e, orgulhoso, resolvia correr ainda mais. Travesso, mesmo entre os profissionais aprontava brincadeiras. Até que um dia exagerou. Em um treino com os profissionais, Pelé partiu para cima do zagueiro Hélvio. Deu um corte, depois deu outro e o zagueiro se desequilibrou. Se quisesse já podia passar pelo zagueiro. Mas não, deu o terceiro corte e o jogador caiu no chão. Foi a gota d'água. O menino deixou a bola e começou a rir. O zagueiro levantou e tentou bater naquela criança atrevida que o tinha humilhado. Por sorte, os companheiros seguraram Hélvio. O zagueiro foi expulso do treino e Pelé foi muito punido pela gozação. Mas ganhou um lugar entre os profissionais.

Sensação entre os juvenis, os diretores do Santos ainda não sentiam que Pelé estivesse a vontade no Santos. A diretoria queria que ele se desenvolvesse, mas havia muita pressão em cima daquele garoto, apontado como maior promessa do time. Resolveram oferecer o jogador para um time de outra cidade, onde não estivessem esperando muito dele. O escolhido foi o Vasco da Gama. Mas o dirigente do Vasco Antonio Calçada esnobou o craque. Ao ouvir o nome Pelé, disse : "Quem é Pelé? E só com quinze anos? Você deve estar brincando!"

A estréia no time profissional aconteceu no dia 7 de setembro de 1956. Era apenas um amistoso, contra o fraco time do Corinthians de Santo André. O garoto foi chamado para completar o banco de reservas. No meio do jogo, o ponta-de-lança Del Vechio se machucou. Era o que Pelé estava esperando. Entrou e não decepcionou. Marcou um gol e o Peixe ganhou por 7 a 1. A chance no time titular veio ainda em 56. E, infelizmente, por causa de uma perna quebrada. Na final do Campeonato Paulista de 56, o Santos ia ser bicampeão em cima do São Paulo e o ponta-de-lança Vasconcelos estava em ótima fase. Habilidoso e driblador, sabia como poucos conduzir a bola em direção ao gol. Já tinha sido convocado para as seleção duas vezes. Aproveitando a boa fase, Vasconcelos foi para cima do zagueiro Mauro Ramos de Oliveira. Os dois se chocaram dentro da área e foram para o chão. Mauro levantou, mas Vasconcelos não. A perna estava quebrada, dando uma vaga no time titular do Santos para Pelé. Vasconcelos ainda voltou a jogar, mas nunca como antes. E nunca mais recuperou a sua vaga, perdida para o maior jogador da história do futebol mundial.


O gol que valeu pela beleza
Aconteceu em uma partida do campeonato paulista, em 1962. O Santos recebia o Guarani, na Vila Belmiro. Estávamos dominando a partida quando recebi a bola dentro da área. Fiz uma jogada semelhante ao meu famoso gol na Rua Javari: dei três chapéus seguidos em três zagueiros e chutei contra o gol da entrada da Vila Belmiro. A bola estourou no travessão e bateu no chão. Quando o juiz João Etzel validou o gol, o time inteiro do Guarani correu para cima dele alegando que a bola não havia ultrapassado a linha. O árbitro saía para cá, saía para lá, mas os jogadores do Bugre continuavam em cima dele. Para encerrar a discussão, o juiz berrou: "Querem saber de uma coisa: mesmo que não tivesse entrado, eu daria o gol porque a jogada foi muito bonita. Foi gol do Pelé e acabou". Se eu mesmo não tivesse ouvido, não acreditaria.



Rei até no Gol
No dia 19 de janeiro de 1961, no Pacaembu, Pelé fez coisas incríveis não só com os pés, mas também com as mãos. O Santos vencia o Grêmio por 4 a 3 pela Taça Brasil. Faltando cinco minutos para o final da partida, o goleiro do Santos, Gilmar, foi expulso. Como na época não havia substituições, o Santos teve que improvisar um goleiro. Pelé aceitou o desafio e vestiu a camisa número 1 do Santos pela primeira vez. Os jogadores do Grêmio sentiram que poderiam chegar pelo menos ao empate, devido à inexperiência de Pelé na posição, e chutaram de todas as distâncias. Mas quem foi Rei não perde a majestade, inclusive no futebol. Pelé fez duas defesas sensacionais e garantiu a vitória de seu clube por 4 a 3. Depois, como não poderia deixar de ser, foi carregado em triunfo pelos seus companheiros, por ser um herói, mesmo jogando improvisado na posição. Mas essa não foi a única vez que Pelé jogou no gol. O Rei atuou nessa posição por quatro vezes, todas pelo Santos. Nas quatros oportunidades, somou 43 minutos atuando debaixo das traves e não levou nenhum gol. O Rei sempre afirmou que gostava de jogar nessa posição e nos rachões do time santista sempre que podia, ia fazer suas defesas.

O Árbitro ou Pelé
Em 1968, o time do Santos estava excursionando - como sempre - pela América do Sul, fazendo verdadeiras exibições de futebol. A última partida da turnê seria contra o Millionarios de Bogotá, Colômbia. O jogo era um acontecimento e a torcida compareceu em massa.
Tudo estava bem, exceto o juiz que roubava "descaradamente" para a equipe da casa. O time do Santos formado por Pelé, Coutinho, Pepe e cia. acabou ficando nervoso com aquilo, resultado: deu a maior confusão e o jogador Abel acabou acertando um soco no juiz ladrão. Não deu outra, o árbitro não pensou duas vezes e expulsou Pelé que não tinha nada a ver com o assunto.
Mas aí quem não gostou foi a torcida colombiana presente no estádio, que se revoltou e não quis nem saber: invadiram o campo e pediram Pelé de volta. Como ficou aquele impasse devido à decisão do árbitro em expulsar o Rei, não tiveram dúvidas e resolveram expulsar o juiz. Com Pelé de volta, o jogo continuou


O Rei e Jairzão
Na época de ouro do Santos FC era muito difícil jogar em São José do Rio Preto contra o América. Campo pequeno, muito calor, jogo às 15 horas, grama rala e a torcida em cima fazendo uma pressão intensa contra o Alvinegro.

O quarto-zagueiro Jair era um dos esteios do time local. Prata da casa, negão tipo Ronaldão, canhoto e ídolo da torcida. Impunha respeito, chegava junto (muitas vezes na frente), e não dava moleza pra ninguém. O Santos lá chegou, como sempre, com pinta de campeão (década de 60), com seu ataque que sempre superava a marca de 100 gols por campeonato. A missão de Jair não era nada fácil: marcar o Rei Pelé.

Ele se preparou para isso a semana inteira. Na noite de sábado teve vários sonhos e pesadelos. Nos sonhos se via consagrado, anulando Pelé e tendo seu nome gritado pela torcida, e nos pesadelos, saía vaiado e humilhado de campo pelo passeio que havia levado.

Começou o jogo marcando em cima, não dando nenhum espaço para o Rei. Jair nem piscava. Levou um drible desmoralizante aos 15 minutos e não pensou duas vezes, deu uma sarrafada desleal e quase jogou Pelé contra o alambrado. Pelé, soberano, apenas limpou o pó preto da pista de atletismo do seu uniforme branco e puxou conversa com seu algoz Jair:

"Pôxa Jair, você não precisa disso para me marcar! Você sabe jogar, é firme, forte e pode até chegar à Seleção. Aliás, tem diretor do Santos hoje aqui te observando para te levar pra Vila, mas com você só dando porrada e apelando desse jeito acho que vai ser difícil"!

No lance seguinte, após um lançamento para Pelé, Jair desarma o Rei, domina com categoria, finge que ia jogar para um lado e joga para o outro, saindo bonito com o lateral. Pelé aplaude dentro de campo: "Olha aí que beleza! Joga muito. Não falei que você sabe jogar! Não precisa bater. Assim, pode ter certeza que ano que vem estamos jogando juntos". Jair abre um leve sorriso no canto da boca.

Na próxima jogada, após um cruzamento de Dorval, Jair subiu limpo e solitário em uma bola em sua área. Matou no peito, baixou no terreno, com categoria e pose de craque, olhando para quem entregar. Súbito, um corisco negro passou voando e lhe tomou a bola. Era Pelé. Foi o gol da suada vitória po 1 a 0. Pelé debaixo de um monte de companheiros que quase o esmagavam de alegria, ainda olhou de rabo de olho para o Jair que tinha as mãos à cabeça superdesapontado. Um sorriso malandro iluminou a face suada do Rei do Futebol.


Mil vezes Pelé
Além do 10, que persegue Pelé até hoje, outro número fez parte da carreira de Pelé. Nunca um atleta tinha alcançado tantas vezes o número mil nas estatísticas do futebol. Pelé conquistou o milésimo gol da carreira, o milésimo gol pelo Santos e a milésima atuação com a camisa do Peixe. O milésimo gol do Rei, como não podia deixar de ser, foi marcado no Maracanã.

No dia 19 de novembro, Santos e Vasco se enfrentavam e um empate em 1 a 1 persistia até os 32 minutos do segundo tempo. Foi aí que Pelé resolveu agir. Invadiu a área vascaína e tentou o drible no zagueiro Fernando. Pênalti. E lá foi Pelé cobrar. Não foi o gol mais bonito, tampouco o mais difícil. Mas foi o mais importante. Pelé se tornava o primeiro jogador profissional de futebol da história a fazer 1.000 gols na carreira. Mas ainda tinha mais. O segundo mil da carreira do craque aconteceu nos Estados Unidos, mais precisamente em San Francisco. Em julho de 1972, o Santos estava em uma de suas turnês pelos EUA. No dia 9, jogaram contra o Universidad do México. Pelé fez a festa da torcida presente no estádio, marcando o gol de número 1000 com a camisa santista. Para completar o show, ainda marcou o gol 1001. O terceiro mil veio novamente no Brasil. No jogo contra o Santa Cruz, pelo brasileiro de 1972, Pelé jogou sua milésima partida com a camisa santista. Era a coroação de uma carreira de vitórias e muitos gols. Foram 1.114 jogos pelo Santos e 1086 gols.


O Gol de Placa
O primeiro desses lances aconteceu no Maracanã, palco predileto do Rei, em 1961. Jogavam Fluminense e Santos, pelo Rio São Paulo. O Peixe já ganhava por 1 a 0, quando Pelé recebeu uma bola no meio de campo. A partir daí, a mágica tomou conta de todo o estádio. O primeiro a ser driblado foi Valdo. Depois veio Edmílson, que também não conseguiu tomar a bola. O próximo era Clóvis, que foi superado pela velocidade incomparável de Pelé. A quarta vítima foi Pinheiro. Pelé jogou para um lado e cortou para o outro, deixando o zagueiro desabado no chão. O quinto a tentar parar a jogada foi Jair Marinho, que também foi superado. Agora, só restava o goleiro Castilho entre Pelé e o gol. Mas não foi nenhum problema. O Rei esperou o goleiro sair e tocou por baixo. Era o gol mais bonito que alguém já havia marcado no "Maior do Mundo". A beleza do gol foi tanta, que o jornalista Mário Filho, um dos ícones da imprensa brasileira, resolveu fazer uma placa para homenagear o mais belo dos gols feitos no Maracanã. E a placa dizia: "Neste campo no dia 5-3-1961 PELÉ marcou o tento mais bonito da história do Maracanã".


Confira alguns números da carreira do Rei:


- 60 títulos.

- 1.279 gols, 1091 pelo Santos.

- 11 vezes artilheiro do Campeonato Paulista.

- Por 3 vezes rompe a barreira dos 100 gols em três temporadas.

- Melhor média de gols por partida: Em 1961 foram 111 gols em 75 jogos (1,48 gols/jogo)



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